Briga de marido e mulher ninguém deve meter a colher.
Paulo pensou que a máxima, “briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, fosse porque ninguém tivesse tomado uma atitude.
Com isso vivia reclamando do vizinho que vez por outra, em especial nas sextas feiras batia na sua mulher, fazia todos os seus seis filhos correrem para as casas dos vizinho, derrubava meia casa, destruía quase tudo, tornando o seu lar um verdadeiro inferno.
Quando a sexta feira daquele dia doze chegou, parece uma coisa. Ele disse ao seu Zé que o senhor Xavier não iria mais bater em dona Isabel. E o Zé, em sua ingenuidade só o que fez foi rir dizendo para o Paulinho não se meter e esquecer aquela história.
Enquanto isso, noutro canto da vila, dona Isabel, coitada, cansada da lavagem de roupa ficava assistindo a novela, mas com os olhos preocupados e o coração em aflição.
Lá pelas nove da noite no bar, Paulinho firme em seu propósito observava a casa de dona Isabel.A luz do pátio em poucos instante, por causa da hora, ficou solitária e o silêncio se descreveu quieto.
Na rua a chuva começou a ensaiar uma garoa, quando tropeçando em latas surge do escuro o famoso Xavier, que nem bateu na porta. Deu um ponta pé, que a porta obedientemente coagida sucumbiu e em frações de segundo a vila ficou com num espetáculo.
Xavier entrou na casa e foi logo conversando a maneira dele. Pelo tom da voz, pelo som das coisas derrubou panelas e pratos, bateu numa das filhas, que saiu com as outras correndo para se salvar, como se houvesse um incêndio.
Dona Isabel até tentou fugir, no entanto, foi agarrada pelos cabelos e esbofeteada várias vezes, pois quando saiu às ruas estava com o rosto vermelho, um olho roxo e as roupas um tanto rasgada. Chorando bastante foi consolada pelas vizinhas do local.
Quando Xavier saiu a porta foi xingado. E esbravejando muito correu ameaçando a todos, que correram assustados, na verdade já estavam acostumados.
Sem jornal para filmar, ou alguém de pulso para denunciar, apareceu Paulinho, como num duelo de Faroeste fez a sua vez e chamou Xavier para brigar, ganhando o apoio popular, pois estava em defesa de dona Isabel.
Senhor Xavier só olhou e se pôs na marca para continuar o show. Sem titubear o rapaz foi para cima de Xavier com a conivência do povo. Era uma gritaria, principalmente quando Paulinho começou a bater em Xavier. Focado na surra que estava dando no vizinho, pobre Paulinho não viu que a mulher veio por trás e “tum”...
Deu uma paulada no rapaz, que ele apagou. Levantou o seu marido e foram para casa fazer amor, deitar, jantar, qualquer coisa assim. Enquanto o povão carregava o vingador e o deitava em frente a sua casa.
Não era meia noite, mas a visagem do seu Zé ria de não se agüentar e quando o rapaz recobrou os sentidos foi a única cara que viu por lá.
Sem saber o que perguntar ouviu de seu Zé:
Não te disse cabra, que em briga de marido e mulher ninguém deve meter a colher.