O homem que se orgulhava de nunca pedir desculpas

Este é um conto de fadas.

Ei! Espere aí. Não é necessário dizer que o é, basta começar de novo.

Era um vez... uma princesa. Ou seria uma fada? Pra dizer mesmo a verdade, acho que era apenas uma mulher. Porém não era qualquer mulher. É que ela, apesar de tantas e profundas dores já vividas, acreditava na felicidade verdadeira e no ser humano. Tanto que se esforçava diariamente para ser cada vez melhor. Dedicava todo o seu trabalho para ajudar as pessoas a viverem plenamente. É isso: ela acreditava na Vida!

Certo dia, encontrou um homem de olhar tristonho, que lançava gritos ao vento, como quem desesperadamente precisa se ouvir e reencontrar. Ao se aproximar, sentiu ainda mais de perto, a ansiedade que pulsava naquele peito. Ele também sentiu a aproximação, e, talvez guiado pelo que captou dela, a agarrou como uma criança faminta se agarra a quem possa dar-lhe o alimento do qual tanto necessita. E ela ficou.

Por que não fugiria?

Será que ele lhe roubaria a alegria?

Ficou porque a Vida se reconhece...

Logo depois, no entanto, começaram a travar uma batalha e aos poucos passaram até a guerrear. Ela ficava assustada, nunca antes vira tamanha amargura e dureza. Acreditam que ele chegava a ser, em momentos delicados, totalmente indiferente.

Ele, do outro lado, ficava amedrontado... talvez. Como iria se transformar em outra pessoa? Era conhecido por sua fama de mal, de ranzinza e turrão. Fora tantas vezes identificado por esses “atributos” que passou a acreditar e viver como se fosse exatamente assim.

Suas poucas falas cortavam como o aço da navalha. Aguentam ouvir uma delas? Então lá vai: “Desculpa é uma palavra que faço questão de nunca acrescentar ao meu dicionário!!!”

E assim, muitas vezes feriu fundo a ela e acabou sendo ferido. É que ela não titubearia em brigar feio com ele, preciso fosse, mas jamais abriria mão do homem bonito, carinhoso, bom, gentil e muito amoroso que morava lá no fundo da floresta escura que a tudo (ou quase tudo...) fazia questão de esconder.

Só que ela não era só doçura também. O desafiava!!! Dizia até que um dia ele ainda seria o mais romântico dos românticos (brincadeira, isso ?!). O príncipe do cavalo branco.

Quando ele se desarmava, ela aproveitava. Dava tantos beijos e abraços! Dizia também muitas, muitas coisas amorosas. E sorria!

Ela o Amava mesmo!!! E como eles se amavam...

Sabem qual era o resultado ? Não duvidem. Ele ficava feliz!

E aprendeu a Amar!!!

Só que por vezes batia nele, quem sabe, o pavor de talvez não estar no controle e tudo se perdia de novo.

Certa vez, no meio de mais uma sangrenta batalha, ele desferiu o golpe que seria fatal e acusou:

_ Você também me acha mau. Viver é duro por demais!!!

Ao que ela respondeu:

_ Minha magia tem um segredo. Só funciona quando o outro se deixa encantar!...

Era preciso querer, e muito!

O tempo congelou...

E agora???

Ela então continuou com a maior meiguice que pôde dar à voz:

_ Outro dia ouvi algo que me define bem: “Sou assim. Quando até nem me querem por perto mas precisam de mim, eu fico. Quando me querem, mas não é de mim mais o que precisam, eu vou embora!”

Este é um conto de fadas, lembram-se?

AH! Era...O bem venceu o mal! O Amor ocupou todos os espaços!!!

E foram felizes para sempre!

Mas como na vida real “sempre - não é todo dia”, novas dificuldades surgiram e há os que acreditam que um dia ele poderá se dar a liberdade de reconhecer e se desculpar pelos erros que comete e pelas dores que provoca.

E ela vai então receber flores e “jóias”.

Vixe! Faltou dizer que nem princesa, nem fada, um rei encantado tem na verdade uma rainha ao seu lado... É que, o fruto que geraram, foi uma linda princesinha, que veio para Clarear o que porventura ainda precise de uma pitada de magia e brilho...

Estátua da Liberdade

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 11/02/2011
Reeditado em 01/11/2017
Código do texto: T2785840
Classificação de conteúdo: seguro