O Julgamento
Naquela manhã chuvosa dona Maria arredou o pé da casa do seu filho, lá pelas onze e meia. Veio visitar os seus netinhos, mas não queria ficar para almoçar. Desculpou-se apesar da insistência de todos e foi saindo.
Em nenhum momento se imaginou que a imaginação realmente pudesse se tornar realidade ou que o inimaginável pudesse vir a acontecer de verdade. O fato é que com a chuva, com árvores ao redor, animais eonde tem criança tudo pode acontecer, do inanimado, do inimaginável ao fantástico, aliado as forças ou necessidades da natureza entrou com dor no guarda chuva de dona Maria uma ratazana prestes a parir, que num espaço de aproximadamente de três horas juntou folhas e fez ali o sonho de um desesperado, se aninhando com todo carinho e tranquilidade de um animal, que certamente não tem discernimento nem maldade.
Quando estava devidamente acomodada a mamãe rata sentiu algo acontecer, mas ficou quieta esperando o momento para compreender e usar o seu instinto, no caso de perigo fugir. Dona Maria sem imaginar despediu-se e pegou o guarda chuva. Sentido um peso descomunal se preocupou em abrir curiosa tomando o cuidado de faze-lo já na porta fora da casa.na posição, o automático do guarda chuva funcionou e “plaft”, lá estava uma ratazana a cair no chão sob folha, por segundos tomada também de assalto sem saber o que fazer, quando dona Maria se expos a gritar saiu em disparada por baixo das pernas de daquela senhora sexagenária em direção ao quintal.
O grito apavorado aclamou pela curiosidade os vizinhos, Madame Mimim, prof. Ludovico, Pato roco e Selviço; pelo ato de acudirtio Afonso e seu filho Betinho e os cachorros Robinho, Tunguinha, Marrone, Tob Maxwell e Obama.
Enquanto a chuva engrossava, a ratazana zig zagueava, passava por todas as pessoas e pelos cachorros subindono cajueiro a dirigir-se a ameixeira enquanto as galinhas e os pintinhos gritavam apavoradas e os periquitos na mangueira em festa faziam a orquestra daquele fim de manhã sem se interessarem pelo que estava acontecendo.
De um lado para o outro, entre um galho e as folhas aquela mãezinha corria desesperada sob o olhar atento e a torcida geral das crianças, que gritavam a cada drible da ratinha ao pessoal, mesmo sem saber ou querer saber da nocividade daquele animal, muito embora o julgamento capital, na cabeça dos animais humanos já havia sido feito.
Era uma gritaria, que a policia parou emfrente da casa para ver o que estava a ocorrer e alçado sem muita disposição o policial se acostou no portão entre aberto e ficou a observar a movimentação impedindo indiretamente a entrada de outros curiosos. Nesse interim a pobre ratinha cansada de um salto pulou furado, pulou num galho apodrecido e frágil que a fez despencar no chão. E mesmo visivelmente ofegante zig zagueou outra vez sem muito sucesso. Ao correr em direção ao muro foi abocanhada pelo Robinho, que travou uma briga desigual com a ratazana desesperada ao som dos aplausos e gritos dos senhores que acompanhavam o desenrolar da façanha.
No final antes de fechar o portão o policial vibrou dizendo a todos que se viraram – o crime não compensa. Ficando de saias justas quando uma das crianças respondeu-lhe a altura perguntando – qual crime a mamãe ratazana cometeu?...Sem ter o que responder todos entreolharam –se e apenas riram-se.