Fundo da América do Sul Parte 1
...Essa história começa em...07/02/2028
Sentado em baixo de uma árvore ao lado do trapiche, na praia do Laranjal, com a camisa aberta, chapéu de palha, barba por fazer, com os pés descalços tocando aquela areia branca e morna, lembrava quantas vezes pisou ali quando mais jovem; já com seus sessenta e três anos, fazendo uma das coisas que mais gostou na vida olhar o pôr-do-sol, com aquela brisa mansa do entardecer, as marcas do tempo em seu rosto, alguns jovens jogando futebol, o casal de enamorados passeando bem abraçados e ternos um com o outro, lembra de seu passado e as pessoas que passaram por sua vida e o deixaram no passar dos anos.
Olhar triste, no infinito, coçando a barba rala, remonta suas alegrias, seus anos vividos naquela praia tão mansa, quantas lembranças para compartilhar consigo mesmo...
Segurando o pino que retirou da perna, que por anos usou como amuleto no pescoço onde sempre o apertava quando ficava indeciso por algum motivo ou situação, aquele pino que lhe acompanhara por tantos anos, decidiu entrar no trapiche, com água mansa a bater nas estacas, e atirá-lo na água, meio que exorcizando seu passado seus fantasmas, paixões, tentando deixar para trás e recomeçar vida nova, mas como se pode recomeçar uma nova vida aos sessenta e três anos de idade? Bem sempre há um recomeço na vida diz o ditado; já sentado na beira do trapiche apertando nas mãos seu amuleto olha para o sol nos seus últimos raios que ainda tentavam dar brilho ao céu... Desponta na entrada do trapiche uma silhueta que ele não acredita que poderia ser real! Uma silhueta de mulher vem em sua direção e senta a seu lado; sim parecia impossível, mas era ela, também com todas as marcas do passado estampadas em seu rosto, uma pessoa serena, mas que havia lutado muito no passado por seus ideais, mas que agora não importava mais os ideais conquistados, pois as verdadeiras conquistas são pessoais e essas ninguém consegue nos tirar. Tudo o que somos é a soma de nossos presentes, e nada muda isso, nada pode mudar o passado; só o presente pode mudar o futuro, quando estamos decididos a mudá-lo.