O homem e o sábio

O homem preocupado com o seu futuro foi procurar um sábio em uma montanha distante. Depois de caminhar dias, dormindo nos lugares mais insólitos, vencendo florestas, passando por rios, se livrando das feras, chega ela à ermida do santo homem, que o convida a entrar e se abancar na soleira da porta, para poderem conversar.

O sábio ouviu pacientemente tudo o que o homem tinha para dizer e depois de escutar todas as suas conversas, disse-lhe o mestre desta forma: durante três dias em que estiveres aqui, quero que faças desses paus cacetes para que eu possa usar para construir uma armação para fazer um santuário, para o meu espírito protetor.

O trabalho era muito intenso, o homem pouco conhecia da arte de trabalhar com madeira, o que tornou o seu labor mais difícil, mas por nada mais ter o que fazer, dedicou-se literalmente a fazer o que foi oferecido e fez durante aqueles dias o trabalho para o santo homem. No fim dos dias se apresentou e se preparou para ouvir.

Muito cansado, o homem se prostrou na soleira da porta. O sábio disse: tiveste tu por três dias a tua mente limpa e, certamente a tua vida muito mudou. Sim, consentiu o homem. – Agora segue o teu caminho e procura manter viva a chama que se acendeu dentro de ti, no esforço de ampliar o conhecimento que recebeste aqui.
                                        
O homem seguiu o seu caminho, de volta para de onde veio. Durante a sua trajetória, muito pensou sobre o que havia acontecido. Pouco compreendeu sobre o significado do trabalho proposto pelo sábio, mas sentia que algo em si havia mudado. Na medida em que caminhava, ele ia se fortalecendo com a nova disciplina.

Chegando então na cidade, com o contato com as outras pessoas, ele sentiu certa angústia. Seu coração se entristecia sem que ele pudesse precisar o por que. Arguto que era, começou a perceber que aquele mundo era agora um mundo distante para ele. Ele já estava interessado por algo que ali era inexistente e impróprio.

Era um homem bom e entendia que as pessoas estavam todas presas dentro de seus próprios pensamentos, como pássaros presos em suas gaiolas. Ele, que se dedicava de corpo e alma ao labor que o mestre lhe ensinava, mantinha a sua mente conectada com o trabalho proposto de fazer tudo o que fosse com concentração total.

Por onde passava, o homem divisava certa luz cercada por uma sombra fina e cinzenta. Mas o seu centro era forte e intenso. Via que quanto mais triste e angustiada era o interlocutor, mais intensa era a sombra e mais fraca era a luz. Pode então, desta forma desenvolver ele, um trabalho com o próximo de despertar a luz e o amor em si.