VOLÚPIA
Era de manhã...
Um vento fresco entrava pela janela entreaberta
fazendo voar as leves cortinas.
Este mesmo vento, de leve, tocava minha pele, meu corpo,
acariciando meus cabelos, enquanto eu dormia sob um lençol fino.
Era apenas um vento que me acalentava no descanso dos justos, dos amantes, dos amados (muito bem-amados).
Ao mesmo tempo que os carinhos do vento, senti queimar meu corpo.
Brandamente, despertei do sono e vi seu olhar.
Estavas encostado na porta,me olhando com profundo amor.
Parecia pensar na noite arrebatadora que tivemos antes do meu sono.
Um olhar de quem não tinha conseguido dormir.
Vi brotar seu sorriso me desejando "BOM DIA".
Retribuí o olhar e continuei te olhando.
E então, você não resistiu. Se aproximou de mim e, sem
falar nada, me beijou com profundo amor.
Tocou minha pele com uma mão e acariciou meus cabelos com a outra, como há pouco fazia o vento.
Nesse momento, me entreguei completamente e deixei exalar o perfume do desejo a flor da pele.
Não sabia mais onde estava o lençol.
Não sabia mais onde estava a cama.
Não sabia mais qual era o meu corpo nem o seu.
Nossas pernas entrelaçadas.Nossos braços enroscados.
Nossos lábios aos beijos em volúpia!
E nossa alma, elevada...Enredada pelo vento que, a essa altura, já nos transportava ao paraíso!!
Perdemos a noção do tempo. Perdemos a noção de espaço!
Perdemos a noção do perigo!
Movimentos frenéticos e incansáveis. Cada vez mais frenéticos!
A paixão era incontrolável e avassaladora!
Não era preciso esboçar qualquer tipo de som.
E a febre aumentava, e o desejo, e a loucura, e a paixão, e o vento, e o perigo, e o paraíso, e a volúpia, e o perfume, e as cortinas, e a manhã,e os nossos corpos, e nossas almas!!!
De repepente o SILÊNCIO GRITA!!!
E nossos olhares se encontram como no começo.
Aquela sensação do amor concluído depois do êxtase!
Veio o sorriso.
Voltamos à nossa cama.
Ufa!!!!
Finalmente respondi:" - BOM DIA... Preciso dizer que te amo?"
Enfim, você deu a gargalhada que faltava pra completar nossa loucura...
Sheila Severo