"Dandara"
Todo homem tem histórias de pescadores, assim como nós mulheres temos histórias de salões de cabeleireiras. Convenhamos: Que graça há em exibir fotos com peixes? Esta porém começa com a triste história da mudança de minha cabeleireira para o litoral o que resultou num tremendo contratempo para mim, já que minhas madeixas rebeldes se revoltaram de tal forma que me fizeram refém de tão armadas que ficaram, somente uma arma química poderia resolver a situação.
No boca a boca eu e outra amiga, tão desesperada quanto eu, descobrimos finalmente o telefone de Dandara, recomendada por outras amigas, isso acontece mais ou menos como se indicar um pesqueiro ou um boteco no mundo masculino. Marcamos dois horários e fomos sedentas pelo desarmamento de nossos cabelos elétricos e opacos. Quando chegamos observamos o ambiente cheio de loiras e confabulamos sobre o temor de ter que nos encaixar no grupo. Não! Rimos.
Depois de um café, água, revistas ultrapassadas, surgiu enfim Dandara.
Dandara ela usa uma calça saruel branca, com um blusinha roxa, sobreposta a um top branco, que expunha algumas de suas tatuagens e fartos seios, usava também um tamanco azul e branco. Sua maquiagem muitíssimo bem feita combinava com sua pele morena e os olhos amendoados. O cabelo por sua vez dispensa-se comentários:Perfeito, preso em um lindo coque que mostrava nuances de mel e preto. Dandara era a simpatia em pessoa e a empatia foi imediata entre nós duas.
Renata sentou-se e quieta, como se estivesse na cadeira elétrica, eu, ao contrário, conversava alegremente com Dandara que cortava habilmente os cabelos de Renata, que estava muito mais desconfortável que o normal e logo que acabou o corte, pediu-me desculpa, elogiou friamente o resultado e foi embora, sem mais nem menos.
Eu já estava observando a desenvoltura com que ela trabalha os cabelos de Renata e fiquei confortável, desde a lavagem, tintura, e todos o processo que veio a seguir. A partir desse momento eu e Dandara, éramos as mais novas amigas de infância de São Paulo, ela contou-me tudo sobre sua vida, desde o primeiro dia que experimentou um vestido de sua Tia e seus batons, pulseiras, colares e todas as outras coisas que fazem parte do mundo feminino. Contou-me também sobre o primeiro beijo e a tristeza que sentiu ao ter que deixar seu primeiro amor, roubado por uma loira magrela nariguda. Meus olhos marejaram ao sentir tamanha decepção. São coisas da vida! consolei a minha amiga. Tínhamos tanto para conversar mas não bastaram as três hora e meia de conversa acirrada. Então decidimos marcar um chope, sei lá qualquer coisa para dias mais tarde.
No dia do chope, ela vestia um lindo vestido preto com um decote maravilhoso e a maquiagem e cabelos perfeitos como eu supunha que estaria, e fomos para um lugar onde ela disse que seria muito bacana. Sentamos, conversamos sobre todas as coisas até sobre meias “Kendell” e a todo instante algum homem na casa, vinha convidá-la para dançar ou lhe oferecia uma bebida, o que me causou uma inveja do tamanho de um elefante e outros questionamentos como por exemplo: Quantos mililitros será que ela tem de silicone? Será que a bunda dela também é siliconada? E finalmente: Meu Deus! Preciso de uma cantada urgente... Meus pensamentos foram cortados por uma voz alta e arrogante bem atrás de mim vinda de um sujeito tão bonito quanto forte, além de agressivo. Começou um bate boca entre eles e eu olhava para Dandara, vendo escorrer em seu rosto lágrimas imensas que lhe borravam a maquiagem, seu peito estava visivelmente arfante e suas mãos trêmulas. Ela pedia para que ele parece de dar escândalo, mas ele continuava insultando minha amiga que permaneceu apenas com lágrimas no olhar agora envergonhado e vermelho, depois disso o homem foi embora da mesma forma que chegou.
Dandara, olhava pra mim e seu olhar era quase um pedido de socorro, eu lhe entreguei o copo do uísque que estávamos bebendo, puxei minha cadeira me aproximando dela e numa cumplicidade incomum à pessoas que se conhecem a tão pouco tempo, ele apoiou sua cabeça em meu ombro e chorou copiosamente todas as humilhações que acabara de ouvir, permanecendo ali por pouco tempo já que no alto do seu um metro e noventa e três centímetros de altura, João Roberto ou Dandara não conseguia se ajeitar perfeitamente ao meu corpo.
Nunca mais tocamos no assunto, há coisas que não precisam ser esclarecidas, como algumas emoções ou como uma calça saruel veste tão bem homens e acabam com qualquer mulher deixando-nos sempre sem bunda, ou porque dizem que homem que é homem não chora. Chora sim, é preciso ser muito homem pra ser uma Dandara.
Cristhina Rangel.
Todo homem tem histórias de pescadores, assim como nós mulheres temos histórias de salões de cabeleireiras. Convenhamos: Que graça há em exibir fotos com peixes? Esta porém começa com a triste história da mudança de minha cabeleireira para o litoral o que resultou num tremendo contratempo para mim, já que minhas madeixas rebeldes se revoltaram de tal forma que me fizeram refém de tão armadas que ficaram, somente uma arma química poderia resolver a situação.
No boca a boca eu e outra amiga, tão desesperada quanto eu, descobrimos finalmente o telefone de Dandara, recomendada por outras amigas, isso acontece mais ou menos como se indicar um pesqueiro ou um boteco no mundo masculino. Marcamos dois horários e fomos sedentas pelo desarmamento de nossos cabelos elétricos e opacos. Quando chegamos observamos o ambiente cheio de loiras e confabulamos sobre o temor de ter que nos encaixar no grupo. Não! Rimos.
Depois de um café, água, revistas ultrapassadas, surgiu enfim Dandara.
Dandara ela usa uma calça saruel branca, com um blusinha roxa, sobreposta a um top branco, que expunha algumas de suas tatuagens e fartos seios, usava também um tamanco azul e branco. Sua maquiagem muitíssimo bem feita combinava com sua pele morena e os olhos amendoados. O cabelo por sua vez dispensa-se comentários:Perfeito, preso em um lindo coque que mostrava nuances de mel e preto. Dandara era a simpatia em pessoa e a empatia foi imediata entre nós duas.
Renata sentou-se e quieta, como se estivesse na cadeira elétrica, eu, ao contrário, conversava alegremente com Dandara que cortava habilmente os cabelos de Renata, que estava muito mais desconfortável que o normal e logo que acabou o corte, pediu-me desculpa, elogiou friamente o resultado e foi embora, sem mais nem menos.
Eu já estava observando a desenvoltura com que ela trabalha os cabelos de Renata e fiquei confortável, desde a lavagem, tintura, e todos o processo que veio a seguir. A partir desse momento eu e Dandara, éramos as mais novas amigas de infância de São Paulo, ela contou-me tudo sobre sua vida, desde o primeiro dia que experimentou um vestido de sua Tia e seus batons, pulseiras, colares e todas as outras coisas que fazem parte do mundo feminino. Contou-me também sobre o primeiro beijo e a tristeza que sentiu ao ter que deixar seu primeiro amor, roubado por uma loira magrela nariguda. Meus olhos marejaram ao sentir tamanha decepção. São coisas da vida! consolei a minha amiga. Tínhamos tanto para conversar mas não bastaram as três hora e meia de conversa acirrada. Então decidimos marcar um chope, sei lá qualquer coisa para dias mais tarde.
No dia do chope, ela vestia um lindo vestido preto com um decote maravilhoso e a maquiagem e cabelos perfeitos como eu supunha que estaria, e fomos para um lugar onde ela disse que seria muito bacana. Sentamos, conversamos sobre todas as coisas até sobre meias “Kendell” e a todo instante algum homem na casa, vinha convidá-la para dançar ou lhe oferecia uma bebida, o que me causou uma inveja do tamanho de um elefante e outros questionamentos como por exemplo: Quantos mililitros será que ela tem de silicone? Será que a bunda dela também é siliconada? E finalmente: Meu Deus! Preciso de uma cantada urgente... Meus pensamentos foram cortados por uma voz alta e arrogante bem atrás de mim vinda de um sujeito tão bonito quanto forte, além de agressivo. Começou um bate boca entre eles e eu olhava para Dandara, vendo escorrer em seu rosto lágrimas imensas que lhe borravam a maquiagem, seu peito estava visivelmente arfante e suas mãos trêmulas. Ela pedia para que ele parece de dar escândalo, mas ele continuava insultando minha amiga que permaneceu apenas com lágrimas no olhar agora envergonhado e vermelho, depois disso o homem foi embora da mesma forma que chegou.
Dandara, olhava pra mim e seu olhar era quase um pedido de socorro, eu lhe entreguei o copo do uísque que estávamos bebendo, puxei minha cadeira me aproximando dela e numa cumplicidade incomum à pessoas que se conhecem a tão pouco tempo, ele apoiou sua cabeça em meu ombro e chorou copiosamente todas as humilhações que acabara de ouvir, permanecendo ali por pouco tempo já que no alto do seu um metro e noventa e três centímetros de altura, João Roberto ou Dandara não conseguia se ajeitar perfeitamente ao meu corpo.
Nunca mais tocamos no assunto, há coisas que não precisam ser esclarecidas, como algumas emoções ou como uma calça saruel veste tão bem homens e acabam com qualquer mulher deixando-nos sempre sem bunda, ou porque dizem que homem que é homem não chora. Chora sim, é preciso ser muito homem pra ser uma Dandara.
Cristhina Rangel.