A casa da Cigana
Numa sexta feira de manhã, cujo sol acabará de acordar Mito, Dan, Sapinho, Gema, Antônio José, Betoca, Fúlvio, Álvaro, Fred, Cachacinha e Bebeto, da sala de aula estudavam uma maneira de fazer aquele dia diferente e na hora do recreio se juntaram. Ao invés de merendarem resolveram explorar a montanha de papel que ficava atrás da última sala, lá não era permitida a entrada dos alunos da escola. Porém naquele dia alguém não fez o seu dever e os meninos entreteram-se com o exótico. Papeis de todos os tipos, canetas velhas, mimeógrafo, carteiras quebradas, caixas e caixas de giz, em todas as cores, bem como papeis carbonos entremeado com o mato, que crescia feito uma floresta, feito arrozal. Como a descobrir um tesouro, os meninos jogavam papeis para cima, uns nos outros; se rolavam e riam bastante numa algazarra forasteira, comparada a harmonia dos periquitos nas mangueiras de Belém.
A felicidade a ser deleitada naquele momento era uma luz que contagiava a cada um dos meninos. Mas de repente, um vento forte limpou um pouco a vista ao longo do horizonte e Álvaro enxergou depois dos muros do colégio uma casa antiga, cujo senhora, com vestido longo, em várias tonalidades, uma espécie de turbante vermelho na cabeça estendia roupas eacendia velas num altar, com a ensaiar uma dançava. A mulher, morena alta, com cabelos negros se ria sem sair do lugar. Fez aospoucos o garoto, com medo, exclamar algo como Cigana, despertando a todos alí, para o receio de algo que não entendiam, na verdade não conheciam. E sob o efeito do desespero, uns falavam em bruxaria, outros com medo corriam, outros ficaram xingando a mulher de Cigana e Gema buscou no meio da agonia pedras para lançar ao desconhecido. Dando inicio a saraivada de pedras na casa da senhora, que ficou sem entender o que estava acontecendo. Após o bombardeio seu marido se manifestou esbravejando muito, quando no último segundo, do nada Betoca pegou uma pedra atirou e correu junto com os meninos e a campa que os chamava sem cessar. Não vendo que a pedra quebrara uma das janelas de vidro lateral da casa. Além desse prejuízo, outros foram contabilizados, com as telhas quebradas.
Enfurecido o marido da suposta Cigana foi ao colégio participou o ocorrido a senhora Odete, uma negra forte, que era a diretora da Escola, exigindo indenização pelos danos causados pelos alunos.
Não obstante, mais do que depressa a diretora, que era muito austera, iniciou a caçada de sala em sala aqueles meninos, como a policia procurando os subversivos naquele ano de 1973.
Nem passava pela cabeça dos meninos o que estava acontecendo no país, mas o que fizeram no recreio ostentava na consciência individual de cada um deles um pesar. E mal a professora começou a escrever com o giz na lousa e a diretora entrou na sala com aquele senhor cabelo de fogo e um dos meninos que estava na montanha de papel, como o primeiro prisioneiro e delator. Um a um foram sendo identificados os meninos, sob os olhos atentos e amedrontados dos outros alunos. Era como ser chamado a execução, o frio na barriga e o medo eram os temperos da hora. vinha de um por um, porém Betoca, que dividia com Antônio José a carteira se abaixou enquanto os dedos apontando passavam. Antônio não foi chamado porque estava, mas não participou da saraivada e o Betoca ninguém notou.
Continuando a aula, foi até que terminou, mas Betoca só foi embora depois que todos se foram para não correr o risco de encontrar um delator, visto que só entrava no colégio com o responsável trazendo o dinheiro para pagar o prejuízo. E Betoca tinha pavor de sua mãe soubesse, do contrário ele iria levar uma surra histórica