O fim
“Naquela manhã ele acordara apreensivo, como se algo devastador estivesse para acontecer. Tudo estava aparentemente normal, mas uma estranha sensação pairava no ar. E ele não era o único a perceber isso.
Ao longo do dia, todos sentiam uma vibração de perigo e insegurança no ambiente, como se estivessem imersos numa calma ilusória que precede uma grande tempestade. Pessoas apressadas. Medo e ansiedade refletidos em todos os rostos. Preocupação generalizada sem causa aparente.
Voltando para casa em seu carro, ligou o rádio e pôde ouvir algumas palavras distorcidas pela estática:
- Até agora... causou a morte de pelo menos duzentas mil pessoas em Madri... evento desconhecido... setenta mil em Tóquio... pânico... se espalhando... autoridades...
Ele não podia acreditar no que acabara de ouvir. O que estaria acontecendo ? O que seria capaz de produzir um efeito tão destruidor ? Indiferente às suas reflexões, a voz emocionada do locutor prosseguia:
- Segundo as últimas informações... cidades no Canadá... destruição em massa... causa desconhecida... África ocidental... Ásia... milhões de vítimas... autoridades tentam em vão...
De repente, a transmissão foi interrompida, ao mesmo tempo em que o motor do veículo parava de funcionar. Um pensamento surgiu em sua mente: - Devo encontrar um lugar seguro. Mas haveria um lugar seguro nesse momento ?
Segundos depois, um brilho dourado surgiu no horizonte e ele se sentiu imobilizado por uma força desconhecida. Um sentimento indefinível o dominou, misto de medo e incerteza. Pensamentos desconexos percorriam sua tela mental como relâmpagos fugazes. Lembranças de momentos que jamais se repetiriam.
Finalmente, um silêncio mortal caiu sobre todas as coisas, e um clarão o envolveu, sepultando para sempre todos os seus sonhos e esperanças.”