TIÃO DA VELA

TIÃO DA VELA

Vivendo agora com o conforto da luz elétrica, as pessoas nem imaginam como era a situação antigamente; as casas das vilas e cidades eram precariamente iluminadas com lamparinas, lampiões e candeeiros, que eram alimentados com querosene, eram incômodos e mal-cheirosos por causa da grossa fumaça preta

A tal fumaça virava uma terrível fuligem, que sujava de preto as paredes e teto das casas e o pior era que enchia as narinas das pessoas e não saia de jeito nenhum, não adiantava se lavar e usar lenços, porque a fuligem era oleosa e onde grudava era para ficar; as moças sofriam para manter a beleza, porque a pele engrossava.

São João do Alto era uma cidade bem pequena, mas era agradável e alegre, principalmente pela beleza de suas jovens, eram moças lindas, mas viviam em guerra contra a fuligem das lamparinas, que estragava suas peles e ressecava seus cabelos, mas naquela época os produtos de beleza eram bem raros.

De repente apareceu na cidade um cidadão chamado Sebastião Cipriano, que se instalou em uma velha casa da Rua Direita e montou uma pequena e rudimentar fabrica de velas, composta por um enorme tacho de cobre e uma roda de madeira cheia de furos, que girava em torno de um caibro redondo, acionado com os pés.

Ele derretia a cera e a parafina no tacho, amarrava pavios de algodão na tal roda e colocava porções de cera quente pavios a baixo, rodava a roda e quando uma camada endurecia ele colocava outra, assim até formar a vela; em pouco tempo ele ficou conhecido ao sair vendendo suas velas e se tornou Tião da Vela.

Foi um progresso para a cidade a fabrica de velas, porque era pequena, mas era uma industria e também por livrar a comunidade do cheiro terrível das lamparinas e sua insuportável fuligem; as belas moças do lugar agora livres dos narizes pretos e peles e cabelos ressecados, se tornaram ainda mais lindas, alegres e felizes.

Estava tudo as mil maravilhas, até o Tião da Vela se apaixonar pela Cotinha, que era noiva do João Passa-Vinte, que não gostou nada ao saber da noticia e o pior era que o Passa-Vinte do seu nome se referia as pessoas que ele tinha passado dessa para uma melhor e a comunidade se preocupou, não com o Tião, mas com a possibilidade de voltar as lamparinas.

Pessoas da cidade, se apressaram em avisar ao rapaz sobre o perigo que era o noivo de Cotinha, mas o amor é cego, surdo e burro e Tião da Vela continuou cercando a moça, mas passou a andar armado com uma garrucha e deu-se a esperada tragédia: João Passa-Vinte atacou o da Vela com uma facada, ele caiu e do chão atirou, acertando na cabeça o rival.

Tião da Vela e João Passa-Vinte morreram e os velórios foram iluminados com as ultimas velas fabricadas pelo Tião; Cotinha ficou sem nenhum pretendente e a cidade voltou ao detestado querosene e a desagradável fuligem nas casas e nos narizes das pessoas, todos culpavam a Cotinha pelo acontecido e o assunto só foi esquecido, quando chegou a luz elétrica.

Maria Aparecida Felicori{Vo Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 14/01/2011
Código do texto: T2729685
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