Presságio

Deitado de bruços com as palmas das mãos viradas pra cima, como quem espera um pingo de chuva, João esperava o seu sono ressurgir.

“Ligar pra você antes de dormir não tem sido uma boa idéia. O meu sono vai embora junto com as minhas últimas palavras. Boa noite!”

E assim vem mais uma madrugada acesa, com olhos vivos e secos. Sem falta, amanhecerá um novo dia. Mas, com certas faltas, não se pode descansar. E, como serpentes a rastejar, seus pensamentos voltam a lhe atormentar:

A pressa em ver-te

Faz meu peito palpitar

Mas não estás a me esperar

E a esta hora verdes outro

Que, a o teu corpo afagar,

Invade terra alheia

Que já tem até marca

Feita só para avisar

Que você já tem dono

Mas como posso me vingar,

Se me traíste em um sonho?

Só me resta esperar

Velando, assim, o teu sono.

A visão de sua amada com outro, fazia João despertar e viver sempre insone movido a cafeína. E ele passou, assim, a amaldiçoar o dia em que uma cigana lhe falou que os sonhos sempre dizem muito sobre o futuro. Não tirava da cabeça, então, a imagem de Ângela e Deodato e, cria ele, aquilo era um presságio.

Stephany Eloy
Enviado por Stephany Eloy em 12/01/2011
Reeditado em 12/01/2011
Código do texto: T2724015
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