A Menina e o Barco
Tudo começou num verão!
A ultima coisa que me lembro, é que chovia muito naquele dia! Naquele pequeno povoado de chão batido no pé da serra. E a minha casa de chão, coberta de zinco, malhada... Tudo escureceu num repente; e o barulho, dava a entender, que todo o céu estava caindo sobre o zinco. Acho que não pensei, pois segundo os adultos, criança não pensa. Naquele momento para um adulto, talvez fosse suportável a tormenta, mas não para mim, pequena e frágil, indefesa, sem mão para segurar. Sem exitar e com a casa já alagada sai, sem pressa... Fui mergulhando nas águas daquele mar diante de mim!
Eu dentro do mar e ele dentro da casa. Não me lembro de ter sentido medo, fiquei encantada, havia em mim certa alegria. Foi jogado do alto um grande barco! Tão grande que as ondas que se formaram nas águas, me cobriam. Rodopiei com o balanço do mar, embarquei, pois o marinheiro vendo-me agarrou-me com toda força, levando-me para dentro! Navegando ainda na força do vento, encharcada, velejava e girava eu e o barco!
Em cima de um só calcanhar, girando e girando na lama. A noite foi fechando o cerco.
Assumindo o leme fui voltando, as águas por encanto secando, enquanto minha mãe com grandes brados me chamava; saia da chuva e venha arrumar as tranças criança!