Chovia esperança

“Enfim, quando você vai abrir esse maldito guarda chuva?”. Essa foi a primeira frase que Amy ouviu depois de meia hora de silêncio por parte do amigo que a acompanhava em sua caminhada. Ela se sentia mal, frustrada, na realidade não queria uma companhia.

- Eu não vou abrir o guarda chuva, o Sol sairá daqui a pouco, não está chovendo assim tão forte.

- Você já se deu conta de que há meia hora estamos andando na chuva, e você tem uma sombrinha na mochila, e há meia hora estamos nos molhando inutilmente só para provar que você pode prever o tempo, o que na realidade VOCÊ NÃO PODE FAZER?

- A questão não é mostrar que a minha teoria está certa, eu não tenho problemas em molhar. Volte para casa Jake. O sol vai aparecer a qualquer instante.

Chovia, as ruas estavam ensopadas, as pessoas corriam. Os carros, a maioria com seus vidros embaçados e limpadores frenéticos passavam indiferentes a quem caminhava na chuva, que nos últimos cinco minutos já havia se tornado quase uma tempestade. A água já havia ensopado o cabelo de Amy e agora escorria por seu rosto, ela sentia um vazio enorme que não podia ser explicado. Sentia-se só mesmo sendo obrigada a esforçar-se para aturar os resmungos do amigo sem maiores grosserias.

Cada gota que rolava apressada sob sua face clara a fazia sentir um pouco mais vazia, entretanto relutava em abrir o guarda chuva. Talvez não acreditasse realmente que o sol iria sair. Mesmo não sabendo ao certo o que estava fazendo, no fundo de sua angústia sentia-se bem caminhando desprotegia, a chuva molhava seu rosto e camuflava suas lágrimas, arrastava sua dor; o frio em seu corpo a distraia, a fazia pensar que tudo aquilo era apenas uma excentricidade sua.

- Eu realmente deveria voltar, não sei o que me faz ficar do seu lado... Mesmo sentindo que eu não deveria estar aqui, eu sinto que eu devo... Droga, você nunca compreenderia.

- Eu sei por que você está aqui...

- Pode me explicar então?

- Pelo mesmo motivo pelo qual eu ainda não abri o guarda chuva... Você está esperando que o Sol saia.

Ele ficou quieto, talvez ele não houvesse entendido o real sentido das palavras sabias da amiga. A realidade naquilo que ela estava vivendo naquele momento único, era a simples necessidade de por em prática aquilo que não conseguimos praticar em nossa própria existência, ou conseguimos muito raramente. A ESPERANÇA.

Sah
Enviado por Sah em 09/01/2011
Código do texto: T2719403
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.