Ternas Lembranças!
O barulho das rodas do trem sobre o trilho, fez com que olhasse pelas janelas do vagão.
Lá fora se descortinavam paisagens belas, umas mais que outras.
Embevecido o olhar trouxe riso, a seu até então carrancudo rosto.
O que via fê-lo recordar imagens de infância há muito em um canto qualquer quarnecidas.
“A chuva caiu sem parar torrencialmente. O aguaceiro desceu forte. No cruzamento de duas ruas, formava quase que uma piscina.
Era lá que estávamos eu e meu irmão, no meio da enxurrada.
Adorávamos a chuva.
É como se naquela época, a chuva fosse só um bem. O ribombar do trovão apenas um susto. Flashes dos relâmpagos pareciam holofotes a nos iluminar.
Ensopados, cobertos de lama da cabeça aos pés, fazíamos parte da natureza, incorporávamos nela e ela em nós. Sentíamos-nos mais fortes, mais vivos.
Jamais ficamos doentes e mamãe nunca soube.”