RESPIRANDO VIDA

O galo canta e os raios de sol que entram pelas frestas da janela anunciam a chegada de um novo dia.

O bule em cima do fogão a lenha deixava fluir o cheiro de café fresco. Sobre a mesa coberta, com a toalha bordada por minha mãe, a broa, o queijo e o leite quente que foi retirado logo nas primeiras horas da manhã.

Percorro com o olhar tranqüilo aquele ambiente rústico, a enorme janela de madeira aberta para o infinito e a porta escancarada como um portal que conduz a um paraíso natural.

Pássaros cantavam, borboletas multicoloridas brincavam no jardim, na horta e nos pomares.

O vento soprava leve como brisa nas águas do riacho que corria calmo em sintonia com aquela paz.

Lá no alto, nos montes, meu pai, idoso, porém forte, cuidava da plantação pequena e alimentava as aves e os porcos. Somente o som distante de um velho rádio de pilha ligado cortava aquele canto da natureza com a alegria de locutor sertanejo que saudava a todo momento os moradores da região, anjos e heróis que compartilham paz e harmonia de portas abertas, sem grades nas janelas vivendo a simplicidade de um Eden que as cidades e os corações de pedra desconhecem.

Regina Xavier