O MENINO E O MAR

Na areia da praia sob o sol, escaldante do meio-dia, o menino com sua sacola catava as conchinhas que o mar trazia com suas ondas.

Aqueles olhinhos verificavam minuciosamente cada conchinha que pegava. E como seu olhar brilhava quando raramente encontrava alguma que fosse mais bela, de colorida especial ou uma estrela do mar que a ele encantava.

Sentado em uma cadeira, protegido do sol pela sombra da barraca que armara ficava imaginando o que podia dar tanta satisfação aquela criança.

Não tenha mais que sete anos de idade e seu corpo franzida fazia com que parecesse ainda mais infantil.

Comprei então alguns sorvetes e o convidei a sentar-se comigo a fim de se refrescar. Ele abriu um sorriso deslumbrante, aceitou prontamente e veio comigo conversar.

Perguntei-lhe o motivo de tanta alegria ao catar conchinhas e encher sua sacola.

Nesse momento seu semblante ficou triste ao dizer que vendia aquelas conchinhas a uma loja de artesanatos para ajudar o pai doente e desempregado e a mãe que sozinha lutava para dar de comer a ele e o irmão.

Contou que quando vendia, as poucas moedas que pra casa ele trazia a mãe comprava o leite e o pão.

Meus olhos nesse instante se imundaram de lágrimas que eu segurava mas insistiam em rolar. Coloquei os óculos escuros e com um sorriso tentando disfarçar minha emoção, comprei dele o fruto de seu trabalho embora não haja dinheiro que pague um amor de doação.

A tardinha retornei aquela praia. Ele não estava mais lá. Devia estar saboreando pão e o leite com um sorriso no rosto e uma alegria sem igual. Pobre criança que sonha sem saber que é o reflexo da desigualdade social.

Regina Xavier