É Natal

“Eu reflexivo enviesado às avessas” Enviesado, en-vi-e-sa-do, um simples viés era o seu. Eu reflexivo EnViEsAdO às avessas. Caminho incerto e obscuro, vida imprópria para dois, talvez fosse um caminho de dois menos um. Agora esvaziado, era um dois que nunca dera certo e ficou sendo um: um dois de si, um dois cortado ao meio, uma fatalidade incompleta, felicidade às avessas que vaza à beira de extinção.

Como explicar o vazio que a tomava? Reflexiva enxugava a louça, posta a mesa, esbranquiçado os pratos, embaçados os copos... A agitação por uma noite feliz a deixava de olhos divagados. Mais embaçado era a felicidade alheia, pobre e fugas. A necessidade de um nascimento tem a força de mover uma família em peso. Amigos de longe aparecem com o sorriso mais pobre e ordinário, as brigas e desavenças embaladas em abraços e a tentativa rala envolta de luzes, fitas para de maneira doce e macia apaziguar o outro. Assim como Jesus na manjedoura, nasce a promessa de uma segunda oportunidade entre os homens. Pois bem, é Natal...

WilliamGO
Enviado por WilliamGO em 27/12/2010
Reeditado em 27/12/2010
Código do texto: T2693428