O POTE DE OURO

0 POTE DE OURO

Todos os povos do mundo desejam encontrar o famoso Pote de Ouro, que segundo a lenda está escondido sob um enorme e colorido Arco Íris; mas no dizer dos antigos povos, ele só será encontrado ao som da ultima badalada dos sinos, a meia noite de Trinta e Um de Dezembro, ao raiar de algum Ano Novo.

Os anos vem e vão e ninguém ainda encontrou o ambicionado tesouro, mas o sonho continua, as pessoas se divertem com o assunto, mas mesmo zombando existe a esperança de que a lenda seja verdadeira, porque o ser humano sempre foi e sempre será movido pela esperança, por mais absurda que pareça.

Lá para os lados do Rio do Brilhante, existia uma vila com poucas ruas e menos casas ainda, vista de longe parecia um presépio com suas casinhas brancas de janelas azuis, mas ao se chegar perto, se via que era mesmo um ajuntamento de casas pobres, onde viviam algumas centenas de pessoas também pobres.

Todos levavam aquela vidinha mansa, sem grandes confortos e quase sem sonhos, menos Zó do Pote, esse sonhava e muito, porque um índio velho que morava num capão de mato perto da vila, certa vez lhe falou sobre o Arco Íris e seu Pote de Ouro escondido em sua cauda e ele acreditou na historia do índio Toterê.

Zó vigiava as mudanças do tempo, ele sempre esperava pela chuva e pelo seu complemento: o Arco Íris; quando o céu se embelezava com as cores lindas do esperado Arco Íris, Zó montava seu cavalinho Piquira e galopava acompanhando o fenômeno até o cavalo se cansar e parar, ai ele desistia.

Sua desistência era só até aparecer outro Arco Íris, novamente ele cavalgava atrás dele; o tempo passava e Zó envelhecia, mas continuava com seu sonho impossível e com mais dificuldades, porque o Piquira morreu cansado de tantos galopes inúteis e Zó passou a perseguir sua utopia a pé, mas ainda tinha fé.

Ele não era louco, era apenas crédulo, mas servia de divertimento para seus visinhos, que achavam graça em um homem que acreditava que sua riqueza, estava no final de um acontecimento da natureza; a fixação de Zó só lhe rendeu o Pote do sobrenome,mas ele continuava a sonhar com a vida boa que ia ter.

Dos vinte aos setenta anos, ele correu atrás da fortuna em todos os Anos Novos, porque a chuva e o Arco Íris sempre apareceram no dia certo, mas o cobiçado Pote de Ouro jamais ele encontrou; para aquele sonhador, a vida passou sem ser vivida, nunca se casou e quando seus pais morreram, ele ficou só com suas fantasias.

Até aquele ultimo Ano Novo, em que seu cansado coração, não agüentou mais aquela correria e parou; foi encontrado morto e sorrindo debaixo de um lindo Arco Íris e criou-se a lenda de que ele viu o Pote de Ouro e morreu de emoção e assim em todo Ano Novo naquela vila, os moradores correm na chuva em respeito a Zó do Pote, o homem do Arco Íris.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 26/12/2010
Código do texto: T2692576
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