De luto
Um dia Don Inácio foi até as bocas como costumeiramente fez, se arrumou , ajeitou bem um gateado que enfrenava pra ir. Chegou nas bocas atou o rosilho pelo buçal como sempre numa pitangueira da frente.
Pediu uma canha e uma das chinas se chegou, mirando com olhos de carinho pra Don Inácio e perguntou o porque tinha sumido de lá, e por que voltara com lenço negro guardando luto? Don Inácio não querendo tocar no assunto pediu mais uma canha, e charlou em ton forte.:
-É meu o luto, Não é de sua conta!
Ela insistiu mais uma vez a Don Inácio, que já bravo silenciou por um instante e respondeu a mesma cosa.:
-É meu o luto, Não é de sua conta!
Ela deixou quieto, bebendo já a décima canha, mas sabia que o luto dele era por amor perdido e guardava uma aliança com um nome gravado por dentro em uma correntinha por debaixo da camisa.
Don Inácio já oitavado pelas tantas canhas começou a contar a historia depois dela tanto insistir sobre o assunto.
-Nunca goste das estrelas, elas são pra o céu não pra de baixo do chapéu!
-Me encantei por uma morena de sorriso de luna, estreja madrugueira!
-Mas não sabia direito que as estrelas eram só pra o céu!
-Um, um dia me topei com uma delas por ameia tarde, meu cuero tapera se transbordou de amor carinho.
-O sorriso era a própria luna no meus olhos, que me esqueci de tudo, morri depois desse amor.
-Ela era linda e eu um domeiro que perdi ela pra o céu por seres estraja andarilha.
-Ela me levou em seus carinhos e me fez perder por seus braços em seu sorriso de luna.
-Confesso que ainda a amo mesmo agora só mirando largo o céu.
-Mas se acabou, não sei o porque de fato?
-Por isso do meu lenço negro, por isso que aquele rosilho ficou aporreado pelo potreiro, era pra ela.
-Mas agora ela anda pelo cielo largo e da forma mais sotreta perdi ela pra estrejas do cielo.
-Só ficou esse recuerdo, um anel que carrego debaixo do lenço escondido, recoluto perto do peito pra lembra - lá.
-Um amor pra uns só se acaba, mas pra outros se acaba mas deixa rastros e recuerdos buenos e doloridos.
A china só ouvindo ele com os olhos mariados. Don Inácio se perdia charlando de uma estrela madrugueira, a qual foi a única até então que amansou o mais chucro de todos.
A china com olhos rasos só ouvia em silençio enquanto Don Inácio charlava de seu amor perdido. Nisso Don Inácio grita pra o pulpeiro.:
-Mais uma canha! Pra esporear um recuerdo bueno e malino!
A china ficou em silencio vendo como Don Inácio estava, que voltou a contar cobre seu luto.
- Apreendi solito, que as estrelas, são lá pra cima, perdi e agora só recuerdo ficou por isso, o lenço negro, um rosilho chucro no campo com queixo encruado, que já foi domado mas ficou chucro como meu coração.
A china Apertando o braço de Don Inácio só charlou.
-Já é hora de pagar e ir embora!
-As estrelas, podem viver debaixo do chapéu, mas ... algumas são andarilhas.