O Suicídio de um Ser...

A vingança é uma doce dança, de olhar sutil e pés de navalha e sua língua retalha suavemente os lábios que a beijam. O resto era Abismo e passado, um labirinto de folhas mortas e ramagens escuras, cujos rastros solúveis haviam partido para não se sabe onde. Inebriado de desespero e desilusão, indagando-se sobre quais rosas nascem em jardins sem esperanças, senão os espinhos com sabor de nada e incolores como tudo que sentia. Os espectros e silhuetas ao longe não demonstravam afeto ou sensibilidade, os olhos sobre o além e o vento forte, a paisagem dopava seus passos, em direção ao nada. Vagava pelas ruas, sem tempo físico, sem horas a pele ou instantes aos dedos.

Inerte cidade que o acompanhava por entre as noites dos fantasmas dele, dos porões isentos de chaves. As mascaras jaziam nos pensamentos: quanto de tudo era eu, quanto do eu era o tudo – refletia.

As luzes em despedida entoavam adeus e o escuro o abraçou. A solidão silente desejava-o e o teve. Entre os passos dados e os rastros levados, encontrou uma folha com algo escrito, dizia:

Sussurrava teu Nome,

Na bruma escura,

Quando a Dor que sentia,

Era maior que meu corpo,

E além de tudo que era suportado,

Rastejava meu Corpo,

Nas ramagens puras,

Quando Louco o vento,

Aparentava rir de mim.

Aonde a Luz não vinha,

A Lua nada iluminava,

Era lá – que vagava todas as Noites...

Pensava se toda Dor tinha nome, se todo nome poderia fenecer. O amor que tinha por si era o ódio, e o ódio era uma forma de amor, talvez a única forma de amar que nada deseja, nada espera e tudo oferece.

Andava e andava – pensava e repensava. Seus pedaços unificados as idéias. Dentro da mente nada sangra, apenas dói, apenas está lá e não tem nome. Tudo sem nome é sentido com mais vigor que tudo nomeado. Era lá. Perfeitas folhagens e jardins frondosos, luzes cetinadas, frutos de carne, espinhos de seda.

Antes de caminhar rumo à árvore escolhida, apanhou folha e papel e escreveu algo. Sobre o pescoço colocou um corda, com o peso do corpo pulou com risos e seu olhar penetrante de liberdade exalava uma felicidade sem nome e talvez inalcançável. Desejava inebriar delírios e sentir ressaca de Sonhos puros... Como qualquer mortal...

No ar o a folha descrevia:

Máscara silêncio,

No cristal o nu do espelho dissipado,

Fragrância última,

O suicídio de um ser...

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 16/12/2010
Código do texto: T2674369
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