Champollion: 220 anos
Envolto entre hieróglifos, ideogramas, alfabetos, Jean-Champollion “guerreava” com sua pena no afã de descobrir o significado da escrita egípcia.
Uma pista, só uma pista, era o que ele queria. Como saber se aqueles sinais pictóricos que se lhe apresentavam ante seus olhos, eram letras, sílabas ou frases? Ele era um homem culto, preparado para o ofício de decifrar escritas, falava e escrevia em várias línguas, do latim ao caldeu; do grego ao pahlavi e tinha uma predileção especial pelo copta.
Estudara, estudara e estudara. Anos a fio aferrado às letras, alfabetos, ideogramas, silabários, para buscar entender aquela escrita elaborada milênios antes pelos súditos do Faraó.
A “Pedra Rosetta”, descoberta em 1799 pela Expedição Francesa no Egito, era um enigma pétreo, sáxeo que lhe desafiava a inteligência. Isto fazia ele se recordar da advertência da esfinge: “Decifra-me ou te devoro”. Fora enviado pelo governo francês para decifrar os hieróglifos.
Encontrava-se em sua biblioteca, no recesso do silêncio de sua biblioteca. Vários livros, vários alfabetos, estudos dos ideogramas e... Nada. Quanto mais lia, mais as páginas ficavam silentes e nada lhes revelava. De repente descobre uma sílaba, uma palavra, uma frase, o princípio e como Arquimedes, estupefato pela descoberta, grita: “Je tiens l’affair!” (Eu consegui!) e corre feito um louco pelas ruas, indo a casa de seu irmão contar a novidade: estava descoberto o caminho que levaria à decifração da “Pedra Rosetta”.
(Este pequeno conto, baseado na descoberta de Champollion, é uma homenagem a este lingüista, pelos seus 220 anos de nascimento a serem celebrados no dia 23 de dezembro de 2010).