Bêbados do Aqui, do Ali e do Acolá.
Existem uns malditos que bebem todos os santos dias, se é que se podem chamar santos os dias bêbados! Provavelmente são poetas ou mesmo simples pobres ébrios trabalhadores buscando sanar suas dores e seus tédios em alguns porres, cansados da realidade.
Deixem-lhes beber! Os escoceses bebem bem, e uísque, os franceses bebem também, os ingleses, os russos, os americanos e até os japoneses amam saquê. Porque não eu e também você? Deixem-nos beber! Vá você que não bebe procurar mais o que fazer!
Quando um sujeito decide que beberá todos os dias pelo resto de sua vida, quem o impedirá além da morte e da falência, caso assim financeiramente esteja sujeito. Se for um ricaço, veja bem, somente a morte o impedirá. E se for alguém que, além de ricaço, sequer morrerá? Acham que não existe? Enganam-se piamente! Há vida sim após a vida, mesmo para aqueles que querem continuar bebendo. Há vida sob todos os aspectos e para todo o sempre, sem que se enfastiem com isso, com sucessivas vidas “ad eternum”. A vida é eterna sim e feliz, com pequenos contratempos, obviamente.
Ocorre que nós humanos somos na verdade uns reclamões, ao contrário dos demais animais. Somos cansados e preguiçosos por natureza. Evoluímos por nossa cabeça, para que descansemos mais, com escadas rolantes para impedir varizes e demais maquinismos a fim de evitarmos a fadiga... He, He, He!
Padres viajantes se entupiam de vinho acreditando que no fim da viagem encontrariam a vida eterna. Até em missas eram motivados pelos encantos celestiais sob os torpores do vinho tinto suave.
A mística indígena americana do norte propunha raízes como curas e alavancas para vôos transcendentais.
Os poetas franceses do final do século XVIII eram malditos porque não se importavam em se entorpecerem com ópio, haxixe, absinto e demais substâncias.
Os brasileiros da atualidade se enfastiam com cerveja gelada nos fins de tardes motivados por propagandas televisivas, cuja normalidade é aceita, e daí? Enquanto bebemos nos redimimos de nós mesmos, num lenitivo aperitivo convidativo...
Matem-nos como Hitler quisera!
Estaremos aqui, empunhando um copo, na espera...
E a terra, esta fera, há de comer-nos...
Cristiano Covas, 13.09.10.