Vovó Etzel - Um Conto de Natal
Vovó Etzel era uma velhinha simpática, que transmitia alegria e aparentava sempre estar de bem com o mundo. Tinha muitos amigos e todos a procuravam para conversar, desabafar, e vovó Etzel tinha constantemente uma palavra de apoio, um conselho, uma história, fatos engraçados e todos diziam gostar de estar com ela por garantirem momentos de boas gargalhadas e saírem de seus encontros bem melhores do que chegaram.
De todos os amigos, Carlos Gustavo era o mais chegado à vovó. Carlos Gustavo a conhecia de verdade. Não só aquela pessoa sempre alegre, transmitindo bons conselhos, dando boas risadas, contando histórias engraçadas e brincando com tudo, Carlos Gustavo sabia também de seus medos, seus segredos, seus sentimentos mais profundos e escondidos na máscara de felicidade. Carlos Gustavo e Etzel eram como irmãos, de tão amigos e próximos. Todas as noites eles conversavam sobre tudo o que acontecera naquele dia. Depois, ele esperava que ela dormisse e ia embora.
Vovó Etzel tinha muitos filhos e netos. Mas vivia sozinha, o que a alegrava era a visita de seus amigos.
Vovó Etzel gostava muito de festas e datas importantes. Nessas oportunidades podia reunir seus filhos e netos tão queridos. E agora chegava o Natal...
Todo ano seus filhos se reuniam e pensavam o que comprar para a vovó Etzel. Mas ela era uma velhinha que tinha de tudo o que fosse possível comprar, uma boa casa, roupas, sapatos, perfumes, mesa farta, nada faltava e seus filhos sempre querendo dar alguma coisa e não sabiam mais o que inventar. Cada ano que passava, mais caros e elaborados eram os presentes, criativos, importados, não sabiam mais o que fazer.
Ano após ano, e eles lá dando o que pensavam ser o melhor. Vovó sorria, como sempre, arrumava a árvore de Natal,preparava pratos gostosos para a Ceia, fazia uma bonita decoração, tiravam muitas fotos, lembravam casos engraçados, davam boas risadas e se iam...
Etzel guardava tudo, sentava para conversar com Carlos Gustavo e depois ia dormir.
Mas este ano tudo seria diferente. Um dos seus filhos teve uma ideia enfim, perguntar a Carlos Gustavo o que a vovó Etzel realmente gostaria de ganhar. Como nunca pensaram em perguntar? Assim acertariam em cheio e não precisariam se preocupar com tantas invenções, buscas em lojas, só para presenteá-la com algo diferente dos outros anos. Seus filhos e netos achavam que presentes e mais presentes não poderiam faltar no Natal. Bem, foram falar com Carlos Gustavo e ouviram uma sugestão das mais simples:
-Por que não perguntam à ela?
Claro! Essa era a solução.
Se reuniram, marcaram uma visita e foram até a casa da vovó Etzel poucos dias antes do Natal. Lógico que ela se assustou um pouco, não era dia de festa, o que estariam fazendo ali? Então um deles se aproximou e tomou a palavra. Perguntou o que eles poderiam dar que ela ainda não tivesse, mas que fosse algo muito importante, que marcasse o Natal deste ano. Poderia custar qualquer valor, vender em qualquer lugar e eles iriam dar um jeito de conseguir.
Vovó Etzel, sempre ao lado de Carlos Gustavo, amigo maior, sorriu com a tranquilidade de sempre, firmou a postura, olhou nos olhos de cada um, desta vez escondendo uma pequena lágrima e respondeu:
-Já que perguntaram, durante todos esses anos sonhei com um presente que vocês nunca me deram e que eu não tive a coragem de pedir. Mas o meu melhor presente seria ouvir de cada um de vocês, meus filhos queridos, uma simples frase.
-Mamãe, eu amo você...