Ele era o meu destino...

Eu buscava com meus olhos a luz do luar para encontrar maneiras de esquecer tudo que estava a minha volta, era capaz de sair dali e ir para qualquer lugar, um lugar em que as pessoas me olhassem e não sentissem pena de mim, que me valorizassem, e isso era o que não acontecia. Elas olhavam para mim e viam uma garota indefesa e não sabiam que no fundo eu era forte o bastante para aguentar a minha vida.

Olhando agora para o mar em minha frente eu vi uma sombra passar, e logo olhei para trás, não vi nada. Não senti medo pois eu estava em paz comigo mesma e sempre ia até aquele rio para me acalmar quando me sentia triste e solitária. Embora a minha vida fosse agitada demais devido aos meus irmãos e uma irmã por consideração, filha do meu padrasto, ela era um inferno em minha vida.

Eu me levantei e senti que alguém estava atrás de mim e no momento em que eu me virei vi uma figura masculina encostada em uma das árvores ao meu redor. Eu não conseguia sentir medo, aquele homem parecia um tanto misterioso. Eu só conseguia ver seus pés, que estava cruzados e seus braços também, parecia que ele estava me observando a muito tempo, ou talvez todas as vezes que eu ia naquele lugar e justamente as mesmas horas.

Fui para casa diretamente para meu quarto que eu ainda dividia com a chata da Nicole. Aquela loira era irritante, se achava demais e só me colocava para baixo e na frente do Fred, meu padrasto ela era diferente. Mas, eu sabia que um dia a mascara dela ia cair. Do jeito que minha raiva por ela aumentava, só queria ignorá-la, pois não sabia o que poderia acontecer.

Em uma noite de lua cheia eu fui ao mesmo lugar, no rio. Sentei no mesmo lugar e comecei a filosofar um pouco, como era de costume. Quando eu estava me concentrando ouvi uma voz masculina dizer: " Você costuma vir aqui durante a noite e não tem medo?" eu logo imaginei que era o mesmo homem que eu havia visto na última noite em que eu estive naquele lugar. Então eu respondi: "Acho que alguém anda me seguindo" Ele chegou perto de mim em uma velocidade surrealista, durante um piscar de olhos, me olhou profundamente .

Seu cheiro era embriagador, doce e suave como uma flor. Sua pele era branca e lisa. Seus cabelos pretos lisos corriam até suas orelhas e o seu olhar era o mais sensual possível. Fiquei hipnotizada com tanta beleza e me senti um rato feio e gordo. Da onde veio aquele Deus grego? Será que ele existia mesmo ou era da minha cabeça, era só isso que eu conseguia pensar. E seus olhos verdes grandes? Eu o olhei e não conseguia mais piscar. Abri a boca e fiquei o admirando até ele quebrar o gelo.

Eu me levantei, e me assustei com tanta beleza, e não estava com medo. Estava sentido algo estranho em mim, aquele homem me deixou de ombros caídos. " O que você faz quase todas as noites aqui, e sozinha?" Ele perguntou com uma voz aveludada e calma. Eu até gaguejei e dei um passo para trás porque ele vinha em minha direção, e quando pisei em falso pensando que ia cair, ele me pegou nos seus braços e continuou olhando para mim. " Obrigada, já pode me soltar"

- Você ainda não me respondeu! - Disse o estranho.

- Como posso conversar com alguém que eu não sei o nome?

- Meu nome é Lucas. Então, você não tem medo de ficar sozinha aqui, se eu fosse você teria. - Ele disse olhando para a imensidão do céu.

- Você não me assusta se pensa que eu estou com medo de você.

- Deveria ter. - Ele disse sério.

- E porque eu deveria? Eu moro aqui perto e já venho aqui á algum tempo. De onde você é? Eu nunca o vi por aqui.

- Como posso conversar com alguém que eu não sei o nome? - Ele respondeu, e eu tive que rir.

- Meu nome é Hághata.

- Seu nome é muito bonito.

- Obrigada. Bom, acho que já vou, está tarde.

- Deixa eu levar você.

- Mas eu não te conheço, porque deixaria me levar em casa? Pode ser que você seja um maníaco ou coisa assim. - Ele deu uma risada.

- Você é quem sabe. Posso te garantir que para você não apresento nenhum perigo, se quiser, pode me revistar.

- Está bem, já que eu não estou nem a aí para minha vida mesmo, você pode me levar em casa.

Eu entrei no carro daquele daquele estranho. Costumava caminhar uns 5 km até aquele rio desde a minha casa. Senti de novo aquele cheiro maravilhoso me consumir por dentro e de repente senti uma enorme vontade de fazer uma loucura. Não sei que ele tinha, mais estava me atraindo e muito. Aquele sensação de progressividade estava me domando. Em pensamentos perdidos eu o olhei e vi que ele também me olhava. Então, ele me lançou um olhar sedutor que eu me derreti toda, eu estava desequilibrada.

Ao chegar em frente minha casa e vi as luzes acesas, já passava das 9h. Minha casa ficava entre um terreno baldio escuro e outra casa vizinha. Lucas, o estranho daquela noite levantou-se e me levou até a porta. Nicole estava saindo e se deparou com Lucas e ficou hipnotizada como eu fiquei quando o vi também. Ela disse: " Oi gato? Quem é você?" Eu logo a cortei, sem pensar muito bem aproveitei aquele momento para mostra a ela que eu era alguém e não uma ninguém que ela acreditava que eu fosse. O cara que ela estava saindo não chegava aos pés de Lucas. " Ele está comigo, ok? Ela me olhou com revolta e saiu, depois deu mais uma olhava para trás como se não acreditasse no que via.

Me despedi de Lucas e entrei. Fiquei a noite inteira pensando nele, e tive a impressão de que ele estava ainda perto de mim, pois seu cheiro embriagador estava no ar. Me levantei e fui até a minha escrivaninha naquela noite e quando abri a gaveta com a chave percebi que o meu diário não estava lá. Logo imaginei que Nicole havia pegado e essas horas ela já estava zuando de mim. Eu fiquei desesperada, pois eu havia falado muito mal dela demais. Mas, logo me veio Lucas na cabeça e eu poderia ter deixado no carro dele, aquele diário era onde eu armazenava os meus pensamentos e loucuras que um dia eu gostaria de fazer e aquela noite foi a mais longa da minha vida. Nunca contei a ninguém sobre as loucuras que eu gostaria de fazer.

O dia amanheceu e eu estava ansiosa para ir ao rio de noite. Depois de passar o dia todo sofrendo de ansiedade , a noite chegou e eu fui para o rio. Nicole me esbarrou umas três vezes como de costume e eu tive certeza de que não foi ela quem pegou meu diário, se não ela estaria diferente comigo. Me chantagiando de alguma forma.

Eu sentei perto do rio e esperei por ele. Já estava ali uma hora e meia e nada dele chegar. Seria ele a unica pessoa a descobri tudo o que tem nos meus pensamentos, e agora eu não tinha outra escolha.

- Oi, acho que você esqueceu alguma coisa e veio buscar, estou errado? - Ele disse, já se sentando do meu lado.

- Sim, e espero que você tenha se comportado como um cavalheiro e não tenha lido nada. - Eu falava com ele olhando para baixo.

- Olhe para mim, eu sei que você sente alguma coisa diferente.

- Onde você quer chegar Lucas?

- Você acha que eu sou normal?

- Não. Você parece um príncipe que só aparece em filmes de animação, lindo e perfeito.

- Eu confesso que li seu diário e antes que você fale alguma coisa, eu gostaria de contar meu segredo. - Eu agora sentia medo, mais do que ele iria me falar. - Eu tenho alguns dons, e você vai entender porque eu sou assim. Eu não sou daqui, vim de outro lugar muito distante daqui e que agora você não precisa entender. Eu estou em busca de uma pessoa que seja minha companheira e que não fique comigo só porque eu sou bonito.

- Mas todas as pessoas buscam isso hoje em dia. Eu também.

- Mas eu sou diferente. Eu tenho o poder de atrair as pessoas que eu quero para mim. Mas, não posso obrigá-las a gostarem de mim, isso é real, o irreal é que eu posso entrar na mente delas e as fazerem o que eu quiser. Mas, você tem um escudo tão grande que eu não consigo. Bom, acho que encontrei minha companheira.

- O que? Você está louco? Do que você está falando?

- Você quer que eu te prove? Hághata, eu preciso de você.

- Você só pode estar brincando. - Eu nem ria, só balançava a cabeça sem acreditar um fio no que ele me dizia.

- Eu tentei entrar em sua mente mas não consegui, já tem algum tempo que eu estou te observando e acho que é você que eu procuro.

- Ok, então me prove, quem sabe eu acredite.

- Vamos lá então. - Disse ele pegando no meu braço e me levando até o carro.

Minutos depois eu estava em um lugar cheio de gente. Lucas disse pra eu escolher uma pessoa e dizer o que eu queria que ela fizesse. Escolhi um rapaz que estava sentado do outro lado da rua e pedi que ele pegasse uma rosa e desse para uma garota que estava em pé junto com suas amigas próximo á ele. Eu não acreditei no que vi, Lucas fez ele se levantar, pegar uma rosa que estava num vaso de uma mesa ao seu lado e entregar para a garota morena de vestido verde. E ele me perguntou o que eu gostaria que acontecesse. Eu decidi que o rapaz fosse embora, para a garota ficasse pensando nele.

- Você fez isso mesmo Lucas?

- Você pode me pedir qualquer coisa, menos para fazer o mal.

Eu não acreditei na hora, mais depois ficamos na praça e ele fez tudo o que eu disse, e aconteceu da forma que eu queria. Foi uma loucura, Lucas disse que eu era sua alma gêmea e que só eu podia ajudá-lo a ser uma pessoa melhor. Seu passado o condenava, seu pai abusou desse dom dele para fazer o mal, embora ele tivesse o mesmo dom, Era Lucas quem fazia o que seu pai mandava. Depois ele desapareceu e sei pai não conseguiu mais achá-lo, pois Lucas bloqueou sua mente para seu pai nunca mais procurá-lo.

Eu passei muitos anos ao lado de Lucas. Aprendi tudo o que precisava e nosso amor era verdadeiro mesmo, fui feita para ele. Deixei de usar óculos e pintei meus cabelos castanhos de preto, virei uma mulher e atraente. Ele me fez ver quem eu gostaria que eu fosse e isso eu escondia. Nicole morria de inveja e jamais ousou falar alto comigo, ela agora me respeitava e ficava com inveja porque eu tinha Lucas, o homem mais lindo que ela já vira na vida.

- Obrigada por existir. - Disse Lucas em uma noite de verão.

- Obrigada você.

- Tenho mais um segredo.

- Qual? - Eu olhei para ele com olhar de confusão.

- Isso você vai ter que descobrir.

Então ficamos juntos nosso infinito.

Belly Regina
Enviado por Belly Regina em 12/12/2010
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