ASAS DE UM ANJO

Por MAGNO HOLANDA

Num sol enlouquecedor e delirante, havia uma troca de cores intensas nunca vista antes. De repente, caiu a cem metros de mim uma chama acesa, não tão acesa, mas que fez os meus olhos arderem e desejarem curiosamente pesquisá-la, vê-la. Meus olhos são eloquentes e me obrigaram a saber do que se tratava: Era um anjo, de asas longas e brancas sujas, não consigo descrevê-lo bem, pois estava em caos...

Depois de uma transferência... de conhecimentos, da razão, entendi sua história e pude sentir na pele seu problema: por volta do século XII, Nael, chamava-se Pero, era um típico trovador apaixonado, sujo, louco com as novas tendências reflexivas de um novo momento que se aproximava. Possuía uma bela casa, com belos jardins e, seu fardamento de templário pendurado na varanda: a Ordem de Cristo.

...Começou a perceber o desprezo de sua esposa, uma gótica, escura, branca suja, e em busca de uma cura espiritual. A casa dele estava em pranto, escura. Numa noite de tempestade, as flores de seu jardim estavam todas murchas como fica o coração de um semideus apaixonado, pois naquele momento encontrara sua amada com outro homem em sua cama: o traía com um tal de Vicente, escritor famoso, com quem se casou mais tarde. Saiu desesperadamente no meio daquela escuridão tempestuosa, corria com tropeços e gemidos, solidão e caos mental, acompanhado por uma agonia que lhe abraçava tentando consolá-lo. Um tal de Gabriel trouxe uma mensagem de um tal de Pai celestial convidando-o a voltar ao grupo templário e lutar contra seu adversário, mas naquele momento já não acreditava mais no Pai celestial e alegou que queria provas de sua existência: queria transformar-se em anjo.

... então asas lhe surgiram e começou a voar, voar, subir, subir numa revolta pelo que lhe acontecera. Gabriel o convidou para chegar até um castelo medieval. Ao chegar lá, encontrou uma jovem flor branca e sensual que fora gerada para amá-lo. Nua, alada, adolescente, ansiosa e cheia de mistério. Sentiu-se atraído e confuso, mas terminou entregando-se aos seus encantos e, no seu momento esplêndido, o anjo da noite destruiu aquela sensação mágica, retirando dela seus sentimentos, deixando deficiente e puramente racional. Nael, nome que Pero recebeu como anjo, lutou com todas as suas forças numa guerra celeste onde não estava preocupado com o reino do Pai celestial, e foi ferido de morte pelo anjo do desejo e da irracionalidade.

... quando se encontrou comigo, no momento de sua queda, chamou-me pelo meu nome:- Vicente!!! Pelo nome penetrou em meu corpo com seu olhar e seus conhecimentos e seu espírito, vivendo novamente com Tereza, a gótica. Hoje sou Nael: seu espírito habita em mim na fusão dos seres que todos experimentam...

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MAGNO HOLANDA
Enviado por MAGNO HOLANDA em 11/12/2010
Reeditado em 04/04/2018
Código do texto: T2665107
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