Vagabavazia
Rosa Pena
Ela falava de pérolas. Ele, de porcos. Por vezes, o nariz entupia-se das lágrimas que não desciam pelos olhos. Ele imediatamente sugeria que ela tomasse um antigripal. Ela estendia os braços, na tentativa de um abraço. Ele entregava o saleiro que estava no meio da mesa. Ela sussurrava o frio que sentia. Ele mandava que ela comprasse um novo moletom. Ela esgotava as polissílabas. Ele devolvia com uma monossílaba. Então, ela arrumou o Aldo e todos a chamaram de vagabunda e vazia, por ter traído um marido tão prestimoso.
livro UI!
Rosa Pena
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