Quanta exuberância!
Sabe aquela visão que surpreende, extasia...?
Pasmei... Nunca vi tanta beleza em um só homem!
Deus...! Os seus ombros se sobressaíam em meio à multidão... Lembrei de Saul!
Moreno, olhos negros e penetrantes - um árabe!
Cabelos fartos, lisos, com leve ondulação, frontal - puro charme.
Os músculos dos seus braços... Faziam-se visíveis nas mangas da camisa pólo - propositalmente, colada ao corpo.
Eu estava encantada! Ele não tirava os olhos de mim, e, isso era recíproco.
Finalmente, para minha surpresa... Lá vem ele, “o morenaço” em minha direção, percebi que, ele era ligeiramente estrábico.
Bem frente a mim, com voz fina e aveludada, de primeiro soprano, disse:
– Vamos amorr...?
Um senhor de meia idade, bigodes fartos, assentado na fila por trás de minha cadeira levantou-se, e de mãos dadas seguiram a sorrir...
Que decepção! Espécie em extinção... Era só um pavão!
EstherRogessi,Conto Surreal: O Pavão, Recife,01/12/10,
Releitura em 01/11/12.