Chinelos de dedos me prendem ao chão
Olhei meu rosto no espelho. Fiquei assustada com as marcas que o tempo deixou. Estava mais velha. Olhei ao redor e vi outras marcas espalhadas pelo chão, em cima da cômoda, em baixo da cama.
Quanto tempo havia se passado desde a última vez que tive coragem de sair? Não sei dizer. Talvez alguns anos, talvez muitos. Desiludida, deixei a vida passar e assisti tudo pela janela do quarto.
A velha TV, minha companheira, estava lá tentando me colocar a par do que acontecia no mundo. Notícias do bairro, da cidade, do mundo lá fora. E eu trancada aqui dentro como se fosse uma prisioneira. Sem forças para descer as escadas e vagar pelas ruas em busca nem sei do que! Faz tanto tempo! Não sou mais a mesma! Estou mais velha, mais fraca.
Olhei no espelho de novo, meu cabelo em desalinho preso só com um grampo, mostram fios brancos. A pele pálida por falta de sol, a boca branca sem batom, as roupas de festa penduradas no armário, sapatos, sandálias, troquei tudo por chinelos de dedo e um roupão. E me tranquei nesse quarto, sem receio, sem futuro.
O tempo passou e eu, resignada, afundei no mar da minha solidão. Sem tempo pra descobrir meus espaços, sem notar que a vida passava por mim e seguia seu curso. Desgraçada que me abandou ao léu, e não quer dar uma segunda chance! Sufoco meu choro pra não encarar a realidade.
Desligo a TV e volto pra janela, observo as pessoas lá fora, correndo como se a vida fosse uma guerra maluca contra o tempo. Trabalham, criam, vivem, beijam e eu aqui assistindo a tudo. Doente no corpo da alma, na pele do corpo, na mente e no coração.
Podia ter sido tudo diferente, podia se eu quisesse ou se não tivesse esse medo de encarar as pessoas, o mundo lá fora. E se não tivesse medo de tropeçar! Mas é melhor ficar aqui dentro, sozinha, nessa imensa bolha como se tivesse uma doença rara! Aqui estou protegida da hipocrisia do mundo.
Assustada, lembro-me de coisas. Coisas que fiz no passado! Refugio-me nos meus medos para esquecer. Para não violar a pureza das minhas rezas.
Chinelos de dedos me prendem ao chão. Perdi meu tempo. Agora são passos lentos que me levam de cá pra lá e de lá pra cá, da cama para o sofá, do sofá pra janela, de onde vejo a vida passar.
Olhei meu rosto no espelho. Fiquei assustada com as marcas que o tempo deixou. Estava mais velha. Olhei ao redor e vi outras marcas espalhadas pelo chão, em cima da cômoda, em baixo da cama.
Quanto tempo havia se passado desde a última vez que tive coragem de sair? Não sei dizer. Talvez alguns anos, talvez muitos. Desiludida, deixei a vida passar e assisti tudo pela janela do quarto.
A velha TV, minha companheira, estava lá tentando me colocar a par do que acontecia no mundo. Notícias do bairro, da cidade, do mundo lá fora. E eu trancada aqui dentro como se fosse uma prisioneira. Sem forças para descer as escadas e vagar pelas ruas em busca nem sei do que! Faz tanto tempo! Não sou mais a mesma! Estou mais velha, mais fraca.
Olhei no espelho de novo, meu cabelo em desalinho preso só com um grampo, mostram fios brancos. A pele pálida por falta de sol, a boca branca sem batom, as roupas de festa penduradas no armário, sapatos, sandálias, troquei tudo por chinelos de dedo e um roupão. E me tranquei nesse quarto, sem receio, sem futuro.
O tempo passou e eu, resignada, afundei no mar da minha solidão. Sem tempo pra descobrir meus espaços, sem notar que a vida passava por mim e seguia seu curso. Desgraçada que me abandou ao léu, e não quer dar uma segunda chance! Sufoco meu choro pra não encarar a realidade.
Desligo a TV e volto pra janela, observo as pessoas lá fora, correndo como se a vida fosse uma guerra maluca contra o tempo. Trabalham, criam, vivem, beijam e eu aqui assistindo a tudo. Doente no corpo da alma, na pele do corpo, na mente e no coração.
Podia ter sido tudo diferente, podia se eu quisesse ou se não tivesse esse medo de encarar as pessoas, o mundo lá fora. E se não tivesse medo de tropeçar! Mas é melhor ficar aqui dentro, sozinha, nessa imensa bolha como se tivesse uma doença rara! Aqui estou protegida da hipocrisia do mundo.
Assustada, lembro-me de coisas. Coisas que fiz no passado! Refugio-me nos meus medos para esquecer. Para não violar a pureza das minhas rezas.
Chinelos de dedos me prendem ao chão. Perdi meu tempo. Agora são passos lentos que me levam de cá pra lá e de lá pra cá, da cama para o sofá, do sofá pra janela, de onde vejo a vida passar.