Mundo.
O vento soprava gélido, varria o pensamento para longe. Imaginou como seria se as ondas sonoras tivessem cores. Com certeza elas seriam amarelas, vermelhas, roxas, azuis e verdes, todas translúcidas dançando em espirais pelo céu, contornado as nuvens e se extinguindo vagarosamente. Voltou a si, gostava da idéia de ver os sons dançando por aí, na verdade gostava da maioria das coisas que eram absurdas e intangíveis. Mesmo querendo pertencer à realidade, a fantasia era um buraco negro que crescia absurdamente em seu interior roubando toda a sua energia e seu tempo, era seu mundo, não queria sair dele.
O céu começava a ficar avermelhado. Espetáculo. Caminhou até as pedras a beira mar sentando-se para ver o céu. Estava só, a solidão nunca foi um problema na verdade sentiu a liberdade percorrendo seu corpo. Era livre pra sonhar, podia ter quantos mundos quisesse apenas com uma caneta e um papel, talvez com um pouco menos, podia ter seu mundo apenas com um espaço para o devaneio. Lua, estrelas e o barulho das ondas quebrando sobre as pedras. As gotículas de água atingiam seu rosto prazerosamente, o vento trouxe o frio. Imaginou uma xícara de café e uma boa companhia, fechou os olhos, sorriu e voltou para casa.