MORTE
Os opressores vestem-se com trajes brancos, andam sorrindo por todos os lados, pitam-se bons e a serviço do bem. Os opressores vêm de dentro, muito poucos são os de fora, sabem em demasia e matam aos poucos. Entram de madrugada em seu quarto e enquanto você sonha com o sorriso de quem ama, colocam um travesseiro em seu rosto e o comprimem lentamente.
É certo que no começo você se sentirá mal e o ar deixará de flui com facilidade. Gradativamente você começará a morrer, o excesso de carbono no sangue trará consigo um efeito anestésico. Logo vai esquecer-se de respirar por uns segundos e, inevitavelmente, para sempre. Era jovem, tinha família, pobre criatura, hão de chorar sobre seu túmulo por algum tempo.
Não se iluda, eles o esquecerão. E tão logo se esqueçam apenas dirão: foi feliz. Sempre haverá uma justificativa cientifica para sua morte imortalizada em um laudo, afinal eles não sabem que seus opressores vestem-se de branco e o olham sorrindo. Quem morreria por estresse, por dormir mal, por ter passado muito tempo insatisfeito com sua vida, por não ser realizado profissionalmente, ou por qualquer outro motivo que possa ser escondido pelo dinheiro, pela glória e pelo renome? Morre gente a toda hora, mas leia isso baixinho, é preciso controlar o aumento populacional de pessoas infelizes.