“AMIGOS, AMIGOS, MULHERES A PARTE”
Sebastião era muito amigo de Paulo José ambos andavam nas farras da noite no bar do Abreu. Saiam da rádio Nacional lá pelas três horas da matina e se embrenhavam nos bares.
Sebastião era recém casado e morava em Icoaraci, já Paulo José residia em Belém, menino pacato do subúrbio não tinha ninguém.
A medida que a amizade ia se consolidando, o garoto Paulo, freqüentava a casa de Sebastião e Joana, até que foi convidado a morar na casa de Sebastião.
Sem muita burocracia aceitou e assim os dois afinaram ainda mais as suas amizades.
Eram intermináveis os dias que ambos chegavam em casa totalmente embriagados e Joana tinha o trabalho de despi-los, de banhá-los e de dar de comer.
Certa vez Sebastião foi convidado para fazer um trabalho no interior e nesse dia Paulo chegou em casa acompanhado só da cachaça e Joana teve que ajudá-lo pacientemente no tirar a roupa, no banhá-lo...
Quando de repente, ambos se enroscaram numa queda sobre a cama, cujo desequilíbrio fatal fez com que os dois percebessem sob o olhar bandido o desejo impar inventado pelo momento.
A medida que eles tentavam se desentrelaçar a fome e a febre da paixão carnal os aproximava, os provocava a ponto de deixar a casa escura e as roupas perdidas em qualquer espaço do chão, onde a consciência da razão não teve forças para repudiar, afastar o que não tinha mais solução.E os dois num breve, mas profana vontade se arrastaram, se deixaram invadir até o pecado se ver saciado num amotinado celebrar de corpos ardendo de insanidade perderem-se do mundo com beijos, sangue, suor e um gozo profundo de incomodar o silêncio dos mortos.
Fato consumado, ainda latente, no dia a dia, como um veneno ardente perseguia a mente dos dois. E enquanto Sebastião não vinha durante uns três dias naquela casa celebrava-se ação normal de vinho, desejo e muita paixão.
Noutra semana, quando Sebastião desembarcou em Belém e foi correndo para casa, o que era de se esperar aconteceu, pois Joana estava com saudades de Sebastião e todo amor foi sintonizado, afinal Joana o amava.
Nas semanas seguintes Sebastião e Paulo voltavam a sua rotina de chegar em casa perdidamente embriagados, até que Paulo, ganhando um pouco mais e também pela necessidade de ir-se, vez que a cada dia o olha para Joana se apresentava de forma diferente. Foi morar num kit net a duas ruas após a casa do amigo.
Tudo parecia igual, o que não era normal era o desejo de Joana por Paulo e de Paulo por Joana. A cada dia a necessidade atiçava a alma e como uma droga na carne de um viciado a vontade os enlouquecia, o pecado os conduzia a uma loucura sem precedentes.
Tudo parecia tão absurdo que aos olhos dos dois não era por mal, mas quem entenderia essa louca e impiedosa verdade, escondida da realidade, de Sebastião e da sociedade, que já alicerçava murmúrios.
Sebastião certa noite perdido de seu amigo, sozinho num bar próximo de sua casa, bebendo ao seu vício formal recebeu do dono do bar uma carta anônima, enviada não se soube por quem, que sua mulher estava num motel “Flor de Liz”.Em segundos o rosto de Sebastião tomou outra feição, mas quase sem acreditar foi a sua casa, pegou uma ama e seguiu para o motel indicado no pedaço de papel.
Lá no dito motel o mundo ia e vinha a baixo com Paulo e Joana, quando de repente, não se sabe como, alguém bateu na porta enfurecido, querendo, querendo derrubá-la.Identificando a voz de seu amigo Paulo ligou para o dono do motel e explicando a situação, com a cabeça na lua, o dono do motel, mais do que depressa trocou a mulher, que estava com Paulo e chamou a polícia.E enquanto a lei e a ordem não chegava Sebastião num acesso de fúria derrubou a porta e viu Paulo com uma desconhecida, ficou sem entender e mesmo pedindo desculpas foi preso por desordem.
Joana, mais do que depressa havia pegado um táxi e ido para Belém passear no Shopping com uma amiga, que agora dividirá o caso. E quando chegou em Icoaraci tudo já estava resolvido, pois Paulo havia pagado os prejuízos e a fiança para liberar o amigo.
Depois disso Paulo resolveu voltar a morar em Belém e Sebastião ainda com a sua fiel escudeira se transferiu para o interior.Dizem que Joana e Sebastião tem dois filhos e Paulo segue a sua vida em qualquer lugar do país.