"O BOM SAMARITANO" Conto de: Flávio Cavalcante

O BOM SAMARITANO

Conto de:

Flávio Cavalcante

Vivia em prol de ajudar o próximo. Como aquele homem sofria quando sentava a uma mesa farta. Só em saber que naquele mesmo momento muitos irmãos queriam estar com aquela oportunidade que ele gozava no momento.

A cada dia era um tormento na vida daquele homem bom de grande coração. Era um bom samaritano. Uma pessoa iluminada que veio em missão de pregar o amor. Aquele homem não se contentava em sofrer de braços cruzados. Ele pensava que não podia viver sofrendo daquele jeito, mas bastava dar uma volta na cidade para chegar em casa se trancar em seu humilde quarto e ali desabafar com o amigo que ele mais confiava que era Deus.

Ali ele dizia “como pode o ser humano morar numa terra de tanta fartura e por causa de homens de corações impuros viver sob miséria absoluta?. Um povo guerreiro que não quer nada além de conseguir um pedaço de pão para alimentar os seus dependentes que estão em casa á sua espera.

O tempo passava e o bom Samaritano não conseguia resposta para as suas perguntas. Mesmo assim, não deixava de ter fé. Pois, acreditava ele, que Deus sendo o seu melhor amigo iria atender as suas lamúrias.

Inconformado saiu aquele homem simples para uma feira livre que acontecia em sua pequena cidade. E começou uma busca por alimento. Em cada barraca de frutas e verduras, ele pedia, mas não falava qual o objetivo ele estaria fazendo aquilo, pois, por si tratar de uma cidadela. Todos se conheciam e o chacoteavam por acharem que o tal homem não precisa fazer o que ele estava fazendo.

Aquilo gerou uma situação até que podemos dizer, constrangedora. Ninguém podia imaginar o que estava passando na cabeça do bom samaritano. Era uma condição insustentável. Na realidade, o martírio é uma cruz que essas pessoas de bom coração tendem a carregar. Os mistérios da vida nos põem em situações de reflexões. Todos que vêm nessas missões de ajudar os mais necessitados, sempre estão em situações de que precisam de ajuda também. Aí vem os porquês da vida e que fogem completamente de nosso entendimento.

A simplicidade daquele homem era muito grande. Vivia praticamente de esmolas e o ganhava pra si ele guardava para repartir com um irmão sempre mais necessitado que ele.

O mundo das ilusões não era um atrativo para ele. E recolha de alimentos naquela feira livre se tornou uma obrigação e toda semana saía aquele homem tentando resgatar o que no final do dia iria ser jogado fora e quantas bocas famintas não iriam deixar de alimentar. Quantas crianças não iriam sorrir com aquele simples gesto do bom samaritano?

Passaram-se vários anos nessa lida e muito sofrimento para ele era uma tarefa normal, e sofria ele, por não poder fazer muita coisa.

Na sua velhice, já bastante debilitado por problemas de saúde e acamado. Não parava de receber visitas aquele bom samaritano. O seu quarto vivia cheio e recebendo ajudas de várias pessoas, inclusive de muitas que outrora fora ajudados por ele. Com dificuldades na fala, aquele homem acabou balbuciando algumas palavras compreensíveis depois de uma boa pergunta que um deles lhe fizera.

“COMO PODE UMA PESSOA VIVER PARA OS OUTROS E HOJE TÁ AÍ DEBILITADO E SEM A MÍNIMA CONDIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA?”.

O bom samaritano buscou forças de onde ele não tinha e conseguiu responder abrindo aquele lindo sorriso.

“Estou muito triste. Pois estou debilitado. Minhas pernas e mãos nem mexem mais. Eu só sinto partir sabendo que estou deixando muitos que necessitam da minha prestação. O que me alimenta é o servir. Quantas vezes eu voltar a este mundo, vou continuar servindo. Já que não posso mais fazer... Cheguei ao fim... da minha missão... Só me resta dizer... ADEUS.”

Morre o bom samaritano deixando essa linda lição de vida e amor.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 23/11/2010
Código do texto: T2632813
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