DEACON

Filho de pais americanos, Deacon era brasileiro sem orgulho patriota, idiota, janota, nota... que passeara pelas principais da cidade de Campina Grande numa busca incessante pela presença do ambiente universitário. Estando ele a caminhar em sentido do objetivo traçado, esbarra-se com dois vultos demoníacos, mensageiros de satã, que vieram buscar sua carteira e, dependendo da intensidade de maldade existente no coração, levar também consigo a sua alma e a virgindade de Mariana, sua segunda alma.

O coração dele empurrava seu transpirante suor para fora do corpo numa agonia intensa, num ambiente escuro, muro, surdo, isolado e sempre assaltado, mas único caminho para a Universidade Estadual da Paraíba. Deu-lhe um murro cruzado na face daquele demônio e fugiu juntamente com Mariana tentando alcançar sua alma que já ia bem à frente. Irritado o bandido Borges corre em busca de seu orgulho que sangrava intensamente, sorridente, maldizente...

Deacon, desesperado, refugia-se em meio à multidão que quando vira a arma de calibre 38 expandiu-se rapidamente, fugidamente, mente. Clareou-se o esconderijo de Deacon e espancado pelo 38 que desejava cuspir-lhe fogo na cara... Deacon apegou-se à faca que estava no cinto do mal e enfiou-lhe nos olhos deixando-o cego e atropelado em meio à Avenida Floriano Peixoto.

Nego e seu bando, quando perceberam a queda de seu irmão e o triunfo do assaltado que assaltou a vida de Borges, queriam vingar-se do professor Deacon, mas não o encontraram no meio da escuridão noturna e daquelas ruas estreitadas pelas barracas da feira campinense e que deixara para trás o cheiro de seu pânico no ar. Descobriu-se que Nego já sabia onde Deacon trabalhava e morava. Toda sua família saiu de casa atleticamente em busca de um lugar no interior onde a morte não pudesse encontrá-la. Enquanto isso Deacon, de féria escolar, foge para as matas do Mutirão, contemplando a distância a bela rainha da Borborema com a morte em seus seios. Parecia confundir-se na paisagem noturna entre o céu estrelado e a cidade iluminada que o encantava, angustiava e lançava-o no inferno da separação daqueles que Deacon amara.

Invisível, Deacon fora encontrado na casa de seu irmão Well e, sem deixar vir qualquer escuridão para lhe alcançar, refugiou-se no lar daqueles que parecem heróis... ainda não sendo. Enquanto isso o fogo dos infernos queimam a escola por vingança à atitude de sobrevivência de Deacon e à destruição de Sodoma e Gomorra. Vestidos de exército, muitos foram presos e espancados pelos policiais anjos e pelos anjos policiais numa sangria e eterna prisão preparada para os pobres.

Uma intimação da vida, do retorno às aulas e da vigília dos bandos exigia que Deacon enfrentasse a morte para viver: Deacon, armado com um revolver que não cuspia fogo, mas cuspia mentiras, estava frente a frente com o comboio do inferno, ansioso, nervoso, confuso... numa tentativa de convencimento de sua inocência. Quando soube que sua Mariana havia sido Ada, tada, atada, matada, estuprada, então foi aconselhado pela amiga, a vingança, a num golpe de anjo destruir a Nego... Deacon termina sua vida preso leso e numa angústia terrível lia “Angústia” e “Memórias do Cárcere”.

Magno Holanda

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MAGNO HOLANDA
Enviado por MAGNO HOLANDA em 22/11/2010
Reeditado em 23/11/2017
Código do texto: T2630454
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