PILOTO...

Eu tive a sorte de nascer numa família, onde a cultura era o principal investimento . Tanto do lado de papai , como o de mamãe , eu peguei , na minha infância uns avós , maravilhosos que , quando não ralhavam com a gente , faziam muito carinho e nos contavam histórias. E, Piloto é uma delas , que , procurarei reproduzir aqui , com a mesma ternura que meu avô João, relatava a mim e aos meus irmãos . Todos empoleirados ao lado dele . rsrs.

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Piloto é o nome de um cãozinho. Era o mais inteligente e o mais afetuoso dos cães e a alegria da criançada da chácara. Era muito gostoso vê-lo se atirando ao lago para agarrar qualquer coisa que atiravam na água.

Pegava o objeto com os dentes e todo vaidoso trazia para quem o havia atirado. A criançada pulava e ria a valer com tal bravata do Piloto . Essa brincadeira era repetida várias vezes por dia , sem cansar , nunca, a paciência do Piloto .

E não parava aí . Havia ainda as corridas, as festas, gargalha-ldas, saltos e o Piloto sempre no meio disso tudo . Até o criado da chácara assobiava e Piloto entendia e ia correndo para junto do empregado . Ele partia como um raio e ia escoltar as vacas que eram levadas aos pastos e , assim , impedi-las de entrar nas chácaras dos vizinhos . Quando o hortelão ia levar as verduras e legumes para vender no mercado , era Piloto o guarda da carroça , etc...

Uma vez , deu prova de extraordinária sagacidade: um trabalhador que se empregava várias vezes para levar sacos de trigo para o depósito de um amigo , tentou roubar um saco . Pilotovigiava o depósito e conhecia o "ladrão" . De início quando viu o homem não deu sinal de hostilidade , mas ao passar perto dele , agarrou à dentadas a calça do sujeito , fazendo um alvoroço . O homem largou o saco e saiu correndo para não ser reconhecido pelos vizinhos. Ele tentou por o saco de trigo de volta para o lugar de onde pegou , mas Piloto não deixou , pois latia muito...latia...latia.

A MALVADEZA - o homem ladrão ficou com ódio do Piloto e muito tempo depois , aproveitando a saída do dono , o chacareiro , e dos filhos , chamou o cão que correu pra ele , sem desconfiança . Atou-lhe uma corda ao pescoço e arrastou-o até a beira do rio. Pren-deu na outra ponta uma grande pedra, e, levantando o cãozinho , jogou-o à água . Mas arrastado pelo próprio peso e pelo esforço o homem ladrão , caiu também.

como não sabia nadar , teria sido despedaçado pela roda do moinho , se o corajoso Piloto , obedecendo ao seu instinto de salvador,e desembaraçando-se da pedra mal atada , não mergulhasse duas vezes , trazendo para a terra , com grande esforço, o seu mortal inimigo , o ladrão. Este , que estava já quase sem sentido , cansado e quase afogado , compreendeu , quando voltou a si , que o cão que ele tinha querido afogar , lhe pagara o mal com o bem, salvando-lhe a vida. Envergonhou-se do ato miserável e, desde esse dia mudou completamente.

O exemplo do cão corrigiu o homem .

KALENA/2010