Final de ano...
Hoje acompanhei minha mãe até a padaria e vi que já tem algumas casas que estão enfeitadas para o natal, assim como domingo voltando do interior eu pude ver que alguns prédios comerciais já fazem uso das luzinhas coloridas que ofuscam a visão.
Bom, sinceramente natal e ano novo não são datas que eu aprecie muito, e não é nem pelo discurso que envolve capitalismo e afins, mas é mesmo pela angustia que eu sinto diante as respectivas datas, de verdade, eu fico muito triste em noites de natal, eu sempre fico “brisando” frente à árvore de natal com alguma bebida doce qualquer enquanto meu pai fala sobre a vida dele (o que envolve infância até a data atual), não que eu não goste de ouvir, eu me fascino por pessoas e suas histórias de vida, e acho esplêndido imaginar conteúdos trazidos por pessoas mais velhas, e vivenciar através das falas delas tudo aquilo que um dia elas vivenciaram, mas que hoje se retorce em algum canto da memória, enfim, o foco agora não é pessoas mais velhas e muito menos seus assuntos, o foco agora é minha angustia perante o natal, acho que deve ser porque eu sonho em passar um natal na neve, sim, eu fico idealizando aquele frio, com alguma família ilusória e bonita de filme americano em volta da fogueira, com crianças mais bonitas ainda correndo do lado de fora da casa e fazendo bonequinhos de neve,enquanto um labrador grande e lindo vem derrubando tudo pela casa, para alguns é uma ilusão estúpida eu sei, mas de fato é um natal que eu gostaria de viver.
Ano novo é mais angustiante ainda, o ano novo encerra um ciclo e inicia outro, por mais otimista que sejamos e por pior que tenha sido o ciclo que ficou para trás, o medo do novo é algo que arrepia dos pés a cabeça (embora eu adore o novo, devemos reconhecer que ninguém é fã do desconhecido e incerto), cada vez que é dez para meia noite minha angustia se eleva ao topo e meus pensamentos voam longe, de fato eu fico mais nostálgica que o comum, morrendo de saudade das pessoas que fizeram o atual ano que esta indo embora e imaginando como será minha relação com elas no próximo ano, e ai todo meu sentimentalismo emerge da forma mais avassaladora possível e eu sinto uma vontade incontrolável de abraçar o mundo, embora eu tenha essa vontade o ano inteiro, no fim do ano essa vontade é bem maior, é como se o fato de eu abraçar o mundo fizesse o presente nunca se tornar passado, e que o ano atual nunca ficasse para trás, e a cena se repete há anos, todos os anos.
Mas tudo bem, as datas estão ai e elas não vão deixar de existir porque eu me torno angustiada, sentimental, e triste perante a elas, o jeito é botar um sorriso no rosto, apreciar o colorido surgindo aos poucos em cada esquina cinza, e seguir um conselho dado por Ana Cristina César em algum de seus contos “bom mesmo é dar a alma como lavada”, talvez dando a alma como lavada a gente sinta uma falsa leveza no ser e consiga acreditar que bonito mesmo é aquilo que virá e não aquilo que ficou para trás.