No reino de Viola riviniana

Numa aldeia distante, dona Rosa uma professora aposentada, pediu para que seis grupos de pessoas pensassem como se fossem crianças  com espontaneidade e  disposição para mudanças (se desligando do “ser velho”) e enfeitássem de segunda a sábado uma das salas de um orfanato, com flores.

- Vejam bem, disse dona Rosa, - Quero que tragam a disposição de criança dentro de si NÃO a “criancice”, sendo que no domingo, todos estarão convidados à falar sobre os perfumes encontrados no local.

Na segunda-feira, “as crianças” da equipe A encheram o local com jasmins-árabes;

na terça o grupo B acrescentou alfazemas lilases;

na quarta, um novo grupo, o C, escolheu violetas;

na quinta-feira, vasos de amores-perfeitos foram colocados na mesma sala colorindo o ambiente pela equipe D;

...no entanto na sexta, algo diferente ocorreu... para cada vaso de amor-perfeito, a equipe E trouxe um vaso com narcisos no lugar, alegando que a retirada dos amores-perfeitos fora feita, porque estes não trariam nenhum aroma ao ambiente;  
 
no sábado o último grupo de crianças, o F, espalharam na sala, magnólias.

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Chegado tão esperado domingo dona Rosa, reuniu adultos “com alma de crianças” pedindo a um representante de cada grupo que falasse sobre suas escolhas:
 
- Meu grupo, o A, se encheu de orgulho dizendo que: - Escolhemos os jasmins árabes porque simbolizam ternura;

- Meu grupo o B é maníaco por pesquisa... demos preferência a calma por esta ter sido constante em qualquer decisão em nossas vidas;

- Nosso grupo C é bem tímido, optamos pelas violetas por serem portadoras da modéstia;

- Nós os representantes do grupo D confessamos que estávamos acompanhando a colocação das flores na sala com sua devida simbologia, e ficamos contentes ao notar o local repleto de: ternura, calma, modéstia... depois constatamos que temos o hábito de cultivar reflexões por isto a escolha dos amores-perfeitos.

- Que significado tem os narcisos? – perguntou num tom simpático, um dos corações de garoto, que por hora representava o grupo F que trouxe a predileção pelas flores das magnólias.

Um dos componentes do grupo E defendeu que seus componentes ficaram atentos a palavra, “perfume”: – Pelo que sabemos amores-perfeitos não tem cheiro nenhum, por isto resolvemos dar um fim neles, afinal estavam destoando do pedido da mestra.

Dona Rosa sugeriu que o grupo dos narcisos se pusesse a pensar sem que fizessem uma tempestade num copo d’água: - “Por favor, será que vocês poderiam me dizer por que os amores-perfeitos talvez tenham incomodado tanto?” (a ponto de todos componentes de seu grupo concordarem no sumiço dos vasos de flores tão coloridas que nos convidam a nos desprender do mundo material).

Surpreendentemente um substantivo em latim pairou naquele espaço:
M i s t e r i u m

Aiii Caetano... ...em tuas oficinas de florestas com “teus deuses da chuva”... será que todo “narciso acha feio o que não é espelho”? Será que um dia o grupo E, poderá chegar na conclusão que realmente tem predileção a introversão e por lá surgir o seguinte raciocínio: - Levando em consideração que narcisos simbolizam a vaidade, não é possível que (nós) amantes desta flor sejamos apenas portadores do egoísmo?!

Apesar de... ninguém ser perfeito, oxalá todos amigos do grupo “narcísico” perceba que em todo local que reina o amor-perfeito este já está relacionado com odores [de pensamentos] perfeitos: "Você será demasiado relevante para ser ignorado” (Anônimo).

Moral da História: Lembremos que qualquer ser humano possui a capacidade de atrair pensamentos ligados ao Bem... será que ao prestarmos mais atenção em nós mesmos do que no mundo exterior, perceberemos com clareza que: TODOS sem distinção tem seu perfume e direito a um lugarzinho ao sol...?
 
Rosangela_Aliberti
Atibaia, 12 de novembro de 2010.

Joshua Bell - Pare e ouça a música
http://www.youtube.com/watch?v=D3A0vIstc0M 

Liszt - Hungarian Rhapsody No. 2 Orchestra http://www.youtube.com/watch?v=pN92591mDaE&feature=related

Foto: No "Olhares" - Márcia cmp