Solidão, mistério, amor?

Caminhava pela floresta distraída, pensando na vida, em um amor que queria tanto ter mais nunca encontrei, vi então um garoto. Estava tão distante... parecia uma visão, uma imagem criada pela minha mente...sei lá!

Quando menos esperava ele tinha me tomado pelos braços e tínhamos começado a dançar. Nós girávamos em torno da sensação da noite, sob da sombra, envolta da luz da lua cheia e da escuridão que nos inquietava. Éramos parte do sereno, da floresta, a noite cálida dava o tom certo para que o desconhecido fosse o ápice de tudo aquilo. Mas quem será que me leva a dançar tão leve quanto o vento? Quem é ele? Se ao menos pudesse vê-lo. Se ao menos soubesse seu nome. Conhecesse seus lábios. Perdia-me cada vez mais em seus braços, com suas mãos me tocando tão levemente, quando de repente tudo se quebra, do mesmo modo como os galhos que pisávamos daquela floresta, o momento mais sublime da minha vida se quebrou e ele?!... Disse um singelo "a deus". Não consegui acompanhar com meus olhos por onde ele se foi. Era noite. Era inverno. Ele já fazia parte da escuridão. Não precisava de mais nada naquela hora, apenas precisava saber quem ele era. Não sentia fome, não sentia frio, não precisava das lágrimas, nem mais do medo em que sentia, só precisava dele. Aquele estranho que me inquietou, perturbava minha paz. Pensava nele, mas precisava, na verdade, novamente senti-lo.

Continuei a andar sem rumo, olhando ao meu redor na esperança de vê-lo mais uma vez. Nem que fosse somente seu vulto. Qualquer sensação de tê-lo novamente me contentaria. Haaa...porque pensar em nunca mais poder olhar para ele, em poder sentir o toque da sua mão no meu corpo novamente me dava arrepio? Porque isso me agoniava tanto? Será que ele era o amor que tanto procurei? Se era porque me deixou tão repentinamente? Porque não me deixara sentir o gosto da sua boca?

Não aguentava mais aquela agonia, parecia estar morrendo aos poucos por não tê-lo. Fechei meus olhos e o chamei com todo o amor que poderia um dia sentir por alguém, mas ele não veio ao meu encontro. Isso me deixava tão triste. No calar daquela noite sombria de inverno, ouvir uma voz me dizendo: Se me amas tanto porque não chamas pelo meu nome? Porque não sabe quem sou? Me deixas magoado assim. Será que não sou nem um pouco importante para você? Depois de ouvir essas palavras, a sua voz, sua doce voz que me confortava e me intrigava com as suas perguntas. Não sabia o que responder, mas, mesmo assim falei: De um jeito inexplicável o amo muito, como nunca amei ninguém. Mas, como saberei quem ele é se estava coberto por uma mancha preta? Porque ele não se relevava para mim? Para que tanto mistério? Ele não queria me responder. Sabia que ele estava a me observar, não tinha me abandonado de novo, isso me deixa mais confortável. Queria responder as suas perguntas, queria responder o porquê dos meus sentimentos, mas não conseguia.

Não me resta mais nem um fio de esperança em vê-lo de novo, comecei então a sentir uma respiração ofegante nas minhas costas, não aguentei esperar nem um minuto para ele me vira, não pensei duas vezes e me virei de vez. Era ele... Eram aqueles olhos castanhos escuros reluzindo com o brilho da minha felicidade, aquela pele morena, aquele sorriso sincero e estonteante, era ele, a imagem do meu paraíso onde as almas aliciavam o seu corpo para povoar o inferno. Talvez ele fosse desde sempre o meu desejo. O meu amor. A minha dádiva. Talvez ele seja parte da minha mente. Parte do meu sentido, ele é tão somente parte de mim.

Jade L
Enviado por Jade L em 11/11/2010
Código do texto: T2608804
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