Retalho de uma vida:

                         a força da palavra



 

 
 -“Você vai ficar cego, mas não permita que o chamem de aleijado”, disse-lhe a mãe.


Assim ele descobriu o mundo sem bengala, tampouco cão de guia. A arte foi o sustento de sua alma e abraçou a fama que lhe permitiu vislumbrar e tatear o mundo. Seu ego permaneceu enterrado com a dor na terra pequena da fazenda que o viu brotar. O caule, as folhas, as flores, os frutos, o viço viu-se escoado em meio ao falso brilho da ilusão a cercá-lo. As raízes mergulharam profundamente nas trevas: o caminho do broto ao mofo *.

-“Cego, você atingiu o céu. No trajeto, tornou-se aleijado," escutou repentinamente, a voz da falecida mãe num momento de alucinação, na batalha contra as drogas, travada em busca da dignidade.


Passa então pela realidade de entremeio, ou seja, o nada, e ressurge para viver uma nova e digna vida: do mofo ao broto *.


 Ressurge das cinzas, o homem e sua arte.


 
 
* “Do broto ao mofo, do mofo ao broto" - momento em que o verde encena o processo da vida no palco das cores.





heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 10/11/2010
Reeditado em 10/11/2010
Código do texto: T2608387
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