UMA GAROA FIM DE TARDE
Uma garoa fina cai como flocos de neve, enquanto um pássaro solitário pousa a sua solidão na umidade fria de um galho de árvore.
Pela calçada, escorre um filete de enxurrada, que leva uma folha de papel escrita, já manchada em tinta,atirada por alguém de uma janela, que por seguinte é dissolvido o seu conteúdo escrito em rascunhos,palavras de amor que ficaram molhadas no inerte.
E nas sarjetas das amarguras,findaram se assim,tudo que alguém escrevera naquele momento,as suas expectativas a tão sonhada e esperada missiva escrita,que viriam coroar e consolidar o seu amor que foi dissolvida por uma fria chuva em uma tarde de inverno.
Enquanto isto,um som melancólico vinha ao longe, carregado pela brisa fria, invadindo-me de solidão,trazendo lembranças retratadas pela maquina do tempo que me transporta para momentos de um pacto amoroso que se perderam também pelos cotidianos incertos da consolidação.
A chuva ainda cai mais amainada, abraçada às lágrimas que escorrem pelos tempos idos e vividos,que sobreviveram nas realidades de minhas procuras.
O meu violão em um canto da sala, há muito não tange as suas cordas que embalaram o sono de minha musa, nos acordes das serestas encantadas que invadiam as minhas madrugadas, levando o eco das saudades a cada rosa vermelha postado em cada janela.
Sob a mesa, em uma moldura talhada em relevos, traz em seu centro,o retrato de um rosto que marcou as minhas sanidades e insanidades que desbotaram com o tempo carrasco que nos jogaram nos calabouços da separação.
Mas a garôa de fim de tarde,continua a umedecer o chão, fazendo brotar as saudades que escorrem ainda pelos meus resgatar.
A tarde cai, transpondo o dia,e a noite arrogante, desponta cobrindo de negritude este sonhos hilariantes que habitam as minhas insanidades de minhas buscas intransponíveis.