ME ENROLEI TODO

ME ENROLEI TODO

Luquinha era um menino alegre, brincalhão e tão aprontador, que parecia impossível que naquele corpo franzino coubesse tanta energia e disposição para brincar e criar problemas, mas cabia e como cabia, ele passava seu tempo pensando o que fazer para arreliar alguém e sempre encontrava um jeito novo de atormentar e irritar amigos e parentes.

Os vizinhos viviam em pé de guerra com o menino, por causa de suas vidraças quebradas, suas flores pisadas, suas paredes pixadas e muitas coisas mais, todas elas desagradáveis e que davam prejuízo para seu pai que era obrigado a pagar pela destruição causada por ele; castigos ele recebia um atrás do outro, até uns tapas ele chegou a levar da mãe.

Nada funcionava, parecia até que as reprimendas e castigos tornavam a situação pior e cada vez mais complicada e na escola então era um horror, porque ele fazia tanta arruaça que terminava sempre por ser expulso dos colégios que freqüentava; até aos quatorze anos foi esse desespero, até a um psiquiatra ele foi levado.

O médico fez exames, testes e chegou a conclusão que Luquinha era sadio de corpo e mente, não tinha nada errado com ele, seu pai então resolveu fazer sua matricula no Colégio Militar e lá foi ele todo fardado e de cabelo quase raspado e nada contente com a nova situação; nos primeiros dias de aulas, ele se comportou bem, estava bem cismado.

O Colégio Militar ficava dentro dos muros de um quartel do exercito e varias áreas estavam fora dos limites para os alunos, ninguém podia ultrapassar as cercas de arame farpado que delimitava as tais áreas, por isso mesmo Luquinha tinha uma curiosidade enorme para ver o que existia naqueles terrenos proibidos, só esperava a ocasião.

Como a oportunidade não surgia, ele já cansado do bom comportamento, resolveu entrar em uma delas e entrou, mas era o campo de treinamento de atiradores e ele se viu no meio de um tiroteio feroz; muito assustado correu e entrou debaixo da cerca, mas ficou preso no arame farpado e quanto mais se esforçava para se livrar, mais enrolado ficava.

Foi salvo por uma patrulha volante e levado todo cheio de cortes, a presença do comandante da unidade, que estava muito zangado e disse: aluno Lucas Oliveira, me diga o que estava fazendo no campo de tiros? Ele tremendo ainda do susto e de medo , respondeu: Eu queria ver o que tinha do lado de lá e me enrolei com todo aquele arame, desculpe.

As desculpas não foram aceitas e mais uma vez Luquinha foi expulso de uma escola por mau comportamento; chegando em casa todo esfolado e envergonhado, levou de brinde uma surra de cinto de seu pai que desistiu e o levou para trabalhar em sua empresa de construção, mas nada de filhinho do papai, começou como servente de pedreiro.

Depois de um mês carregando tijolos e pesadas latas cheias de massa de cimento e areia, ele procurou o pai e pediu desculpas pelos seus erros e mais uma chance, prometendo ser o melhor aluno de qualquer colégio onde ele o colocasse e assim foi feito; Luquinha cumpriu sua promessa, se formou em Medicina e se tornou um excelente médico, hoje ele é o doutor Lucas Moreira; trabalho pesado concerta qualquer um.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto Registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 02/11/2010
Código do texto: T2591626
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