CASAR...CASOU...MAS!!!

CASAR...CASOU...MAS!!!

Julia era uma moça muito bonita, bonita até em excesso, porque tudo nela era harmonioso, tinha pele morena e perfeita, olhos verdes maravilhosos, dentes claros e certinhos, seus lindos cabelos castanhos, caiam em ondas suaves pelas costas, até a altura da cintura e seu corpo era um milagre de proporções adequadas e bem feitas; parecia que Deus a amava.

Quando Julia passava pelas ruas de São João das Flores, todos se viravam para apreciar sua beleza; os rapazes daquela cidade eram todos apaixonados por ela, mas Julia só tinha olhos para o felizardo Jaime, mas a família do rapaz era radicalmente contra o namoro dos dois e sempre que o assunto era discutido, eles se negavam a dizer o motivo.

Durante cinco anos. Julia e Jaime mantiveram o namoro as escondidas, porque naquele tempo os filhos procuravam não desagradar e nem desobedecer aos pais e faziam as coisas tão bem feitas que apesar do pequeno tamanho da cidade, todos acreditavam que eles não eram mais namorados e a família da jovem resolveu casa-la.

Um dos apaixonados de Julia era um pequeno fazendeiro, que se chamava Zé Jô e era um bom rapaz: trabalhador, honesto, mas bonito ele não era, ficava totalmente apagado perto do elegante Jaime, mas os pais de moça, não estavam nem um pouco preocupados com isso, queriam era ver a jovem bem casada, antes de completar os fatídicos trinta anos.

Zé Jô adorou a idéia e Julia aceitou aparentemente bem a decisão dos pais e os preparativos para aquele casamento arranjado, foram rapidamente feitos e muito bem feitos: a data foi marcada na igreja e no cartório, encomendas de doces, salgados e bebidas foram feitas, flores foram providenciadas e a Clara que executava o órgão da igreja foi avisada.

A família de Jaime entrou na maior alegria com a noticia do casamento de Julia, porque não teriam que se preocupar com aquele assunto nunca mais e até resolveram contar ao rapaz o motivo da ferrenha oposição que sempre fizeram contra aquele namoro e que era o boato de que uma avó de Julia, tinha a doença chamada Mal de Hansem ou Lepra.

O rapaz não fez nenhum comentário e parecia calmo e conformado e todos acharam que ele era sensato e civilizado; ninguém esperava nenhum contratempo durante aquele casamento e não ouve mesmo, tudo saiu conforme o esperado: a noiva estava linda, o feio noivo explodindo de felicidade e as duas famílias felizes cada uma por seu motivo.

Depois da cerimônia e da festa que se seguiu, os recém casados foram levados até sua casa, pelos parentes e amigos conforme era de uso e foram deixados a sós; a recatada Julia disse ao marido que não tinha comido nada na festa e tinha fome, Zé Jô gentilmente se ofereceu para ir até a padaria comprar pão, enquanto ela preparava um café para eles.

Eram oito horas da noite quando o gentil marido saiu, se demorou uns vinte minutos e quando voltou encontrou a casa vazia, com a janela dos fundos aberta, procurou Julia em todos os cômodos da casa e como não a encontrou, foi então a casa da família dela e lá ela não estava também; quando a noticia do sumiço de Julia correu pela cidade, foi um susto.

Dona Dica, a mãe de Jaime procurou o filho para contar a novidade, mas ele não estava em lugar nenhum da casa, ela ficou desconfiada e abriu os guarda-roupas dele verificando que estava vazio; ela entendeu tudo e começou a chorar aos gritos e foi um escândalo quando a comunidade descobriu que Julia e Jaime tinham jogado o coitado do Zé Jô para escanteio.

O casal apaixonado e fujão jamais voltou a São João das Flores; depois de muito tempo os dois deram noticias para suas famílias e contaram que tinham duas filhas e estavam bem e felizes morando em São Paulo, enviaram fotos das crianças que eram lindas como sua mãe; Zé Jô coitado, curtiu sua decepção por algum tempo e depois se casou com uma viúva feia e muito rica.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

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Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 02/11/2010
Código do texto: T2591620
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