Perdi um filho...ganhei um Anjo no Ceu!!!
Pensando assim, foi uma única forma que encontrei para aceitar a grande dor da perda de meu filho. Isso não me foi fácil. Custou-me muito acreditar na realidade. Sonhara cada minuto da gravidez na felicidade do instante de abraçá-lo. Nem sei mesmo como o pior aconteceu!Nunda tive coragem para relatar o caso...sofri muito calada.
É triste, mas é verdade o que vou contar. Era início da década de 70, na cidade do Rio de Janeiro. Esperava um filho e procurei entre os melhores médicos obstetras, com renome na época, para receber assistência no pré-natal. Tive atendimento particular, ou seja, pagando cada consulta e cada exame. Tudo corria normalmente. Já sabia o que era uma gravidez, pois essa era a segunda. Eu mantinha bom relacionamento com meu obstetra, pois ele já tinha me dado assistência quando do primeiro parto. Escolhi um hospital entre os melhores com pagamento, também, particular e de bom conceito na sociedade e na classe médica
Com dez dias antes do parto me disponho, tal era meu bom estado de saúde, a participar de um seminário juntamente com outros técnicos. , no Hotel Glória. Fi\ exposição de tema profissional.Após o término das palestras, dirigi-me para o “toalete” e ao entrar no Box individual, fui surpreendida por um estranho escondido dentro de um dos boxes. Ele me segurou pelos braços e disparei a gritar. Assustou talvez por não imaginar que eu estivesse gestante e se trancou novamente. Meu marido a ouvir meu grito veio me socorrer e levou-me para o hall.Meu coração batia agitado e as pernas tremiam. Deram-me água e confirmei que estava bem, além do susto. E pessoas da administração do Hotel correram a procura do tal homem. Desse final do episódio nada sei em referência as pretensões do dito cujo. Tinha ele um encontro ou era um assaltante? Não sei. Pouco me importou. Quis ir logo para minha residência.
De mim, sei que passei uma péssima noite, após o susto terrível! Bastante exausta pelo dia de trabalho, consegui dar uma soneca e fui sobressaltada com o rompimento da bolsa. Acordei o marido que, primeiramente, procurou me acalmar para tomar as providências devidas. Telefonou para o médico que se prontificou a vir a minha casa para examinar-me. Veio logo ao amanhecer.Após exame de toque,achou que o susto havia provocado o rompimento prematuro da bolsa, mas a criança estava viva. Argumentado por mim porque não fazer à cesariana, disse-me que a criança precisava completar seu desenvolvimento e era ainda pequeno sendo o útero o melhor local, evitando uma incubadoura.Disse-me que viajaria naquele dia, numa sexta feira, mas deixava um colega que era seu assistente. Os dias que se seguiram foram de fortes dores devido contrações uterinas. Fui ao hospital por três vezes e o novo médico achava que era nervosismo meu.Nada diagnostificava de anormal. Só eu sei o que passei!!!Minha sogra que já havia tido seis partos e acompanhado muitos da família dizia que nunca havia presenciado aquela situação.
Finalmente, com 15 dias não agüentando eu de dores, apresentando sinais de infecção e sentindo que a criança já estava morta, resolvem os médicos de plantão do Hospital fazer a cirurgia.O doutor que eu havia contratado para assistência ao parto continuava viajando. E não deu outra, se não, a constatação de que meu filho estava realmente morto há mais de 10 dias. E ele não era tão pequeno assim, pois pesou 2,850gms.E de quem foi a culpa? Será que se tivessem tirado a criança no dia do rompimento da bolsa , não a teriam salvo? Essa era uma questão que me deixou angustiada por longos anos.
Logicamente, que por muito tempo fiquei a martelar diante da inoperância e negligência médica. Para mim, a cirurgia não foi feita no tempo devido, apesar de minha insistência. Houve erro técnico, não tenho dúvidas. Os próprios médicos se sentiram culpados, pois nem voltaram ao quarto para dar explicações. Nunca mais os vi. Não quis reclamar judicialmente do acontecido, pois o que queria era meu filho e nenhuma ação o traria de volta. Tinha que ter serenidade para apaziguar o meu marido que não se conformava com a perda do filho. Além do mais era um garoto, o grande sonho dele.Houve enterro e o anjinho foi vestido com uma roupinha azul de "pois" branco confeccionada por mim;
Era dia 21 de julho e são passados já 36anos! Custei muito a aceitar esse fato.Não tinua raiva dos médicos, pois sei que nem todos são negligentes.Tive que fazer um grande trabalho comigo mesma. É difícil se perdoar culpados. O perdão só se consegue com o passar do tempo. Não se esquece o episódio. Tem-se que ser realista.
Para não perder a fé diante a bondade de Deus procurei ,posteriormente, sublimar, substituindo a perda por um ganho. Passei a pensar que: ”Perdi um filho...e ganhei um anjo” E, atualmente, tenho certeza que meu filho , como anjo faz parte da corte celestial e, de lá, vela por mim. Sou, portanto, uma privilegiada por Deus.