Linda Travesti e o carro lindo!

No início da década de 90 quando as importações de veículos começaram a tomar um rumo mais galopante, todo mundo queria um carro diferente; estávamos todos, fartos dos mesmos modelos ridículos que eram fabricados no Brasil; ainda era possível ver a venda em lojas de usados modelos como o FIAT 147 e Fusca, não como exóticos, mas sim como modelos comerciais com muita procura.

Depois disso vieram os importados antes que a indústria nacional revisse seu conceito de carro moderno. Desembarcaram em terras tupiniquins modelos sensacionais americanos e japoneses; houve um tumulto com os esportivos europeus e até a russa Lada, tido como garantia de durabilidade chegou, quando lançou o Laika e o Niva. Eu também entrei nesta onda revolucionária e comprei um Laika vermelho 1993 Zero km, pagando incríveis U$ 9.700,00 por um sedan que prometia o mundo para quem o adquirisse. Naquela época havia ágio para poder comprar um carro Lada Laika zero, mas eu, através de amigos, paguei preço de tabela e como se diz no Nordeste, pulei uma fogueira de costas, porque consegui vendê-lo bem mais caro após seis meses de uso.

Mas se eram tão bons e comprovadamente tão prazerosos, porque eu pulei uma fogueira de costas? Na verdade todos os carros prometiam o céu e a terra para seus novos donos, mas o que aconteceu depois foi completamente diferente. Muitos destes carros não foram adaptados para as condições gerais brasileiras e isso inclui estradas, combustível e manutenção. Poucos meses depois do “boom” de vendas o que vimos foram os representantes de muitas marcas fechando as portas por falta de condição de atender a demanda dos insatisfeitos. A Lada foi uma das primeiras e em menos de três anos após ter aportado no Brasil, tinha Laika quase zero que não valia nem 20% do seu valor de tabela.

Meu Laika, aquele que paguei U$ 9,7 mil, eu consegui vender, antes da decepção, por U$ 13 mil; ele custava com ágio cerca de U$ 15 mil e quando a credibilidade da marca começou a afundar o meu amigo que comprou meu “russo”, um policial rodoviário, se viu diante de uma questão bastante incomum; ele teve que comprar outros três carros iguais, sucateados, para consertar o seu. Garanto que aquele Lada Laika custou muito caro para ele!

Muitas marcas ficaram no completo esquecimento até poucos anos; Subaru, Alfa Romeo, Kia e Hyundai são algumas que até conseguiram vender umas unidades por aqui, mas que tiveram que fechar muitas concessionárias por falta de peças e não cumprimento de garantia. Muitas pessoas que acreditaram em marcas estrangeiras amargaram prejuízos fenomenais e milhares de sucatas até hoje estão encostadas a espera do ferro-velho.

Agora chega ao Brasil a onda chinesa de fabricas de carros; é uma atrás da outra e nenhuma comprometida com os critérios de aquisição que os brasileiros ficaram acostumados após muitos desapontamentos. Não bastasse a notável falta de estrutura de muitas destas fábricas e as raras concessionárias, os carros são visivelmente frágeis; alguns são cópias quase fieis de outros modelos famosos. Os chineses simplesmente ignoram patentes e começam a fabricar tudo, inclusive carros, com a mesma aparência física de outros comprovadamente bons; e seus preços são tão baixos, em relação aos originais, que muitos dizem que é o efeito Lula de governar, mas quem entende de carro sabe, é um risco enorme apostar nestas máquinas sem antes conhecê-las profundamente.

O mundo sabe bem que a China não fabrica nada de interessante, nem mesmo eles próprios; é o país recordista de aberrações humanas, um dos mais atrozes do planeta, o maior falsificador barato de todo tipo de coisa, ganhando até para o Paraguai; e para finalizar, os caras de olhos puxados, mas que enxergam muito bem; só é uma das maiores potências do mundo, porque tem muita terra e muito escravo disponível.

Das marcas de carro que estão disponíveis hoje no mercado brasileiro a que mais chama a atenção dos que estão aqui é a Lifan Motors; empresa com 18 anos de vida e que se orgulha em auto-afirmar que é líder de vendas na China e com boa ascensão na União Européia. Pela história em si ninguém lhe daria vistas, mas a Lifan é a fabricante da réplica do modelo mais cobiçado da juventude, o Mini-Cooper; os chineses copiaram quase tudo do carrinho mais famoso do planeta e o reproduziram em massa com outro nome e um preço 70% mais barato do que o modelo mais simples original.

O carro sensação que é produzido no Uruguai e importado para o Brasil é o Lifan 320; o carrinho já está sendo apelidado de Lifan Travesti; por fora e de longe é maravilhoso, mas o interior pode deixar muita gente desanimada. O original Mini-Cooper é um veículo especial se comparado aos demais; inicialmente foi concebido pela British Motor Corporation por exatos 41 anos até que a gigante alemã BMW incorporou seus projetos e passou a produzi-los de forma categórica re-estilizou algumas formas, dotou-o com modernidade, conforto e segurança e o explora mundo a fora.

Os carros Mini originais jamais ficaram esquecidos desde a década de 50, mas um filme re-lançamento “Saída de Mestre” foi quem os deixou feito celebridades mundo a fora. O original Mini no Brasil é comercializado em cinco modelos, os quais o cliente pode mesclar entre várias opções que varia de motor até a lanternagem; além de poder escolher uma série de critérios para montar um quase exclusivo o cliente conta com a garantia mundial BMW. É fato que custe muito caro se for compará-lo a modelos com motorização similar; ter uma lenda desta na garagem pode custar entre R$ 90 e 190 mil, dependendo de sua configuração.

Mas o que dizer de quem acha o Mini um carro lindo e bom, mas prefere um genérico? A humanidade tem destas; copiam os sucessos e quem usa chega a pensar mesmo que está com o original; é assim com as canetas Mont Blanc; perfumes Chanel; relógios Rolex; malhas Lacoste; telefones Apple e Blackberry; e o mais engraçado (ou triste, dependendo do ponto de vista de quem sinta) é que 99% das marcas são falsificadas na China. As canetas vazam e quebram; os relógios servem apenas de enfeites; os perfumes fazem mal a pele; as malhas são dignas de panos de prato e os telefones, aqueles de dois chips, estes são umas pilhérias. Por esta ótica, o que dizer de seu Lifan 320? – Não sei! Somente o tempo para responder!

Muitas pessoas não podem pagar R$ 3 mil por uma caneta ou celular; ou ainda R$ 800,00 por um perfume; R$ 50 mil por um relógio; ou ainda R$ 300,00 por uma camisa. Eu entendo bem, mas não compreendo quando alguém que trabalha e ganha R$ 2 mil/mês querer usar uma caneta Mont Blanc; alguém que ganhe R$ 1 mil/mês querer usar Chanel ou camisas Lacoste; da mesma forma que os trabalhadores menos afortunados desejarem uma Ferrari na garagem.

Não se trata de descriminação, muito menos que a minha retórica seja esnobe, mas cada grupo social precisa consumir aquilo que lhe é acessível e crível. Os veículos Lifan 320 podem sim ser excelentes carros, com motorização e mecânica digna das fórmulas 1 e conforto de imperadores, mas não são e não serão jamais os Mini-Coopers tradicionais e quem os compra sabe disso.

Por outra ótica, eu que sempre desejei um Mini-Cooper e até já aluguei um na Europa, jamais arriscaria adquirir uma falsificação chinesa; primeiro em respeito por quem faz a coisa certa; gente que paga caro por projetos e pesquisas; depois por não colocar minha vida em perigo dentro de um carro que não sabemos ao certo de onde veio, para que veio e porque veio parar no Brasil. Saber as intenções e motivos da Lifan todos nós sabemos, mas fingimos que não; fazemos de conta que somos mudos, surdos, aleijados e loucos!

Todos devem estar perguntando por que eu pus uma foto de uma “gata” no flash de chamada junto com o Lifan 320? Porque um completa o outro e eu explico! Se você andar por Copacabana num belo dia de domingo ensolarado em companhia desta bela fêmea, quem o vir de longe pensará que é seu dia de sorte, mas quando você conduzir aquela gata até sua casa e se preparar para a intimidade, hummm! Verá que comprou gato por lebre! Com o Lifan 320 é quase a mesma coisa; todos podem pensar que é um Mini, mas quando andarem nele ou sentirem o motor, verão que não é! A foto é de uma travesti chinesa que ganhou vários concursos de beleza e segundo dizem, quando morou na China se chamava Lao e quando se mudou para a Europa passou a chamar Lia; por fora é uma deusa, mas por dentro há documentos probatórios da masculinidade!

(leitores do Recanto das Letras para verem as fotos precisam acessar o site www.irregular.com.br)

Mas se você não se importa com tecnologia de ponta, pesquisas, patentes, engenharia moderna, garantias e qualidade de peças e acessórios, pode bem esperar que seus inimigos comprem-no e depois de uns dois anos, se o carrinho resistir bem e sobreviver sem maiores problemas, quem sabe você não arrisque uns R$ 30 mil para levar um completinho? – É de se pensar!

Enquanto isso eu fico com meu japonês (carro), que não é cópia de nenhum outro, me dá 3 anos de garantia e jamais me deixou na mão. Posso não desfilar em Copacabana com Maitê Proença a bordo, mas também não quero o travesti chinês da foto!

Quem desejar conhecer o chinês Lifan 320 é só esperar abrir uma concessionária em algum lugar do Brasil!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

WWW.irregular.com.br

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Enviado por CHaMP Brasil em 15/10/2010
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