DANÇAR FORRÓ É PAIXÃO!

Dançar forró é paixão!

Jô Mendonça Alcoforado

João Pessoa / PB

Carlos e Mirna eram namorados há alguns meses. Mirna era alegre, adorava sair e dançar e Carlos reservado era seu oposto não gostava de dançar e nem de ir a festas. Como eles poderiam dar certo com gostos e pensamentos tão diferentes? Tinham se conhecido na época do São João em um show de forró. Passados alguns dias já estavam namorando e tudo as mil maravilhas até Mirna falar que queria ir a um forró. Carlos não gostava de forró e nem de dançar. Pensava que podiam fazer outras coisas e não entendia porque Mirna, queria tanto dançar forró. Meio arcaico achava que forró era para quem estava solteiro e procurando farra. Ele não aceitava que sua namorada fosse sozinha. Pensava que podia ser passado para trás por outro rapaz. Tinha um dia da semana onde o forró rolava solto para quem gostava. Mirna antes de conhecê-lo ia sempre ao forró com as amigas. Ela era dançarina e apaixonada por forró. Mais Carlos pensava que mulher comprometida não podia ir ao forró dançar bem coladinha com outros homens, isso era inadmissível, ele não aceitava. Isso o incomodava porque além de não saber dançar, se ele fosse ia ficar com uma cara de idiota vendo-a dançar com outros rapazes de rostinho coladinho. Morria de raiva e ciúmes quando Mirna falava em forró. Era uma briga feia. Pela cabeça dele voava a imaginação que podia ser traído. Quando estava perto da quarta feira, dia do forró, ele começava a passar mal, uma angustia tomava conta do seu peito e sentia calafrios pela barriga, o coração acelerava e não sabia mais o que fazer com aquele mal estar geral. Já esperava por uma discussão. Um dia não agüentou e quando ela falou que ia ao forró, ele disse que não aceitava ela ir sozinha e pediu para ela escolher, ou ele ou o forró. Ela bateu o pé dizendo que ia e ele acabou o namoro. Passou-se uma semana e Carlos se corroia de ciúmes pensando em Mirna dançando com outros e ele em casa. Resolveu ir espairecer numa noite e deu de cara com Mirna numa sorveteria e resolveram conversar sobre o assunto. Mirna pediu desculpas dizendo que adorava dançar forró, mas para continuar namorando com ele só iria ao forró, se ele resolvesse ir também. Entraram num acordo e voltaram às boas. Só que Carlos nunca queria ir. Já tinha se passado um tempo e não brigavam mais por causa do forró. Mirna estava quieta, tinha mudado seu comportamento, em seu rosto demonstrava tristeza e aquela alegria natural tinha acabado. Procurou ocupar seu tempo fazendo várias coisas e não tocava mais no assunto sobre forró. Carlos sentiu que alguma coisa muito boa tinha morrido dentro dela, estava triste, apática. Ele percebeu a tristeza de Mirna, mas com seu egoísmo de machão pensou que depois ela esqueceria e se acostumaria sem o forró. Ficou matutando no que ela lhe falou uma vez, que ia ao forró apenas para dançar e só dançava com os amigos. Mas ele não conseguia acreditar. Algumas vezes ela tocou sutilmente que sentia muita falta de dançar forró, mas Carlos desconversava dizendo que era coisa de solteiro e que não ia porque não sabia dançar e não queria aprender. Mais a situação estava ficando insuportável em ver a namorada triste e sem graça para a vida. Aí num belo dia resolveu ir com ela ao forró. Esse dia ficou marcado para sempre na memória de Carlos. Ele não dançou e ficou só observando enquanto Mirna dançava, parecia uma pena de tão leve e os movimentos eram tão graciosos com um sorriso nos lábios tão franco, verdadeiro e sem malícia nenhuma que o deixou sem graça. Mirna mudou o comportamento da água para o vinho e parecia embriagada de alegria e felicidade. Carlos ficou atônito com a mudança e não foi mais o mesmo após aquele dia. Achava-se premiado com o sorriso dela de felicidade após aquele dia de forró. Ele nunca a tinha visto sorrir para ele daquela forma e começou a refletir sobre as suas atitudes e pensamentos em relação ao forró. Depois disso ele sentiu-se tão mal que começaram as brigas novamente chegando ao fim do namoro. Mirna continuava indo ao forró. Ela tinha superado rapidamente o namoro acabado. Daí Carlos observou a postura da ex-namorada e se questionava como a dança e a música tinha todo esse poder. Estava perplexo! Os problemas apareciam e o forró e a dança trazia a solução. Viu isso no rosto de Mirna e no sorriso de felicidade transbordante e ficou curioso. Começou a se interessar e pesquisar na internet sobre o forró. Foi a shows, ouvia músicas, lia tudo a respeito. Carlos descobriu que tudo que sentia era preconceito e tinha sido prepotente, arrogante e machista com Mirna. Se informando foi entendendo o verdadeiro sentido da dança e do forró que lhe deixou um grande aprendizado. Que pena que Mirna não estava participando disso. Ficaria muito feliz, quem sabe assim não dariam certo? Carlos procurou uma academia que ensinava como dançar forró e virou um forrozeiro dançarino de primeira qualidade, não perdia um evento de forró. Isso mostra como a dança, a música e em especial nessa história o forró, que é uma de cultura de raiz, transforma a vida das pessoas. Carlos precisou perder uma pessoa importante na sua vida para mudar sua visão e aprender coisas que faz o ser humano sentir alegria e viver feliz. A dança e a música é o elixir da vida e cura a mente, o corpo e o espírito das pessoas. É uma arte terapia, é um estilo de se viver bem melhor e ter uma melhoria na qualidade de vida. Carlos concluiu que não podia e nem tinha o direito de tirar a alegria natural de Mirna, e isso serviu de grande lição para que valorizasse e respeitasse o ser humano em suas decisões e não fizesse julgamentos levianos. Todos têm o livre arbítrio para suas escolhas. Carlos escolheu uma forma de viver com mais alegria e pensou que hoje não deixaria mais Mirna ir embora, até porque, agora era um dançarino muito solicitado nas festas de forró. Conclusão, a música e a dança transformam as pessoas e os dias ficam mais encantadores de se viver.

OBS: Esse conto está no livro NA LINHA DO TEMPO e será lançado em 15 de

Novembro de 2010

JÔ MENDONÇA ALCOFORADO
Enviado por JÔ MENDONÇA ALCOFORADO em 10/10/2010
Código do texto: T2549113
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