Rua Ilusão

Sob as luzes da Rua Ilusão caminham as pessoas a lentos passos, suas luzes amarelas são aconchegantes aos olhos de quem passa e suas construções altas e históricas os fazem viajar no tempo. Ah! Quão linda é a Rua Ilusão, que corta as principais avenidas dessa cidade, quão lindas são suas casas, quão lindos são os seus passantes.

Caminhava por essa rua sempre que podia para aproveitar sua paisagem, e me sentava sempre que as tardes eram frias em um pequeno bistrô para tomar um bom café. Na rua ilusão em um só dia podia-se notar o clima das quatro estações do ano, e o entardecer era sempre um entardecer de outono, aonde as folhas secavam e caiam preparando as árvores para uma nova vida ao amanhecer.

Não era só da Rua Ilusão que construí os dias de minha vida, andei muito por todos os lugares daquela insólita cidade. Caminhava às batidas das canções que escutava, hora lentamente, hora com certo frenesi. Por todos os lugares que passei nunca vi um lugar tão lindo quanto aquela esquina de meu bistrô ao entardecer outonal. Por todos os lugares que passei me falaram do perigo em andar por aquela rua.

Apesar de seus ares de fidalguia, havia sempre assaltantes a espreita, mas ninguém se importava com eles todos queriam ver a Ilusão sob o sol poente. Distintamente alguém era assaltado, mas sempre na calada da noite, assustava-se, desaparecia do lugar, mas não resistia a sua beleza e tempos depois acabava voltando. Nunca fui vítima de tal acontecimento em meus muitos anos vagando por aquele local.

Eis que um dia essa rua de minha infância e de meu primeiro amor começou a sofrer os efeitos do tempo, os prédios já não eram os mesmos, o cheff do bistrô falecera e agora o café era frio, os dias começaram a ser sempre frios e o entardecer era de inverno, um inverno rigoroso. Aos poucos as coisas de minha rua se deterioravam e eram fechadas para concerto, custando a reabrir, isso quando reabriam. Uma manhã, saí ao encontro da Ilusão, e quando cheguei lá ela havia sido interditada, e isso duraria para sempre.