O 1º DIA DO RESTO DA SUA VIDA . . .
Com passos cadenciados percorre a vereda que bordeja o riacho. Os salgueiros, inclinados por acção do vento, parecem estar a saudá-lo.
Caminha em direcção ao crepúsculo, sem destino. Sorve o ar carregado dos odores fortes deste Outono luminoso e fértil em tons quentes da despedida das folhas.
O rumor das águas é uma canção sempre apetecível. A ela juntam-se os pequenos passos furtivos dos animais assustados pela sua passagem. Um vento fraco e ainda tépido, agita os ramos.
Embalado pela canção do pulsar da vida nem repara que a noite, sorrateiramente, chegou.
Interrompe a caminhada. Absorto olha em redor com olhos que nada vêem. Tem os sentidos adormecidos, embotados.
E depois lembra-se...
O dia, que seria de alegria, tornou-se em tragédia... O dia em que traria a filha para casa...
Com o regresso das lembranças a dor voltou implacável, profunda! As batidas do coração aceleram e ele pensa não aguentar tamanha aflição, tanta tristeza... Uma mão aperta-lhe o peito até que sufoca. Como um saco vazio cai e ali fica enrolado sobre si.
Não sabe quanto tempo assim esteve. Aos poucos vai tomando consciência do que o rodeia. As lágrimas amargas do desgosto chegam por fim. Lamenta não ter morrido agora. Para ele não haverá futuro, o futuro risonho que lhes estava destinado e que tão felizes planearam.
Como um velho, ergue-se. As pernas fraquejam e mal o sustentam. Cambaleia na quase escuridão apenas fracamente iluminada pela luz das estrelas e dirige-se ao riacho onde, com gestos trémulos, tenta molhar o rosto. A água fria fá-lo estremecer mas reage um pouco; bebe uns goles. Trôpego, regressa à vereda. Confuso, já não sabe para que lado se deve dirigir...
Tem de regressar à cidade. Agora a urgência move-o nesse sentido. Recomeça a andar, não sabe se na direcção correcta. Na cabeça apenas tem aquele estrondo enorme quando o camião os atirou de encontro à parede ficando o carro deles completamente destruído e a sua mulher e a filha recém-nascida, mortas.
Infelizmente, ele sobreviveu...
Beijinhos,
Com passos cadenciados percorre a vereda que bordeja o riacho. Os salgueiros, inclinados por acção do vento, parecem estar a saudá-lo.
Caminha em direcção ao crepúsculo, sem destino. Sorve o ar carregado dos odores fortes deste Outono luminoso e fértil em tons quentes da despedida das folhas.
O rumor das águas é uma canção sempre apetecível. A ela juntam-se os pequenos passos furtivos dos animais assustados pela sua passagem. Um vento fraco e ainda tépido, agita os ramos.
Embalado pela canção do pulsar da vida nem repara que a noite, sorrateiramente, chegou.
Interrompe a caminhada. Absorto olha em redor com olhos que nada vêem. Tem os sentidos adormecidos, embotados.
E depois lembra-se...
O dia, que seria de alegria, tornou-se em tragédia... O dia em que traria a filha para casa...
Com o regresso das lembranças a dor voltou implacável, profunda! As batidas do coração aceleram e ele pensa não aguentar tamanha aflição, tanta tristeza... Uma mão aperta-lhe o peito até que sufoca. Como um saco vazio cai e ali fica enrolado sobre si.
Não sabe quanto tempo assim esteve. Aos poucos vai tomando consciência do que o rodeia. As lágrimas amargas do desgosto chegam por fim. Lamenta não ter morrido agora. Para ele não haverá futuro, o futuro risonho que lhes estava destinado e que tão felizes planearam.
Como um velho, ergue-se. As pernas fraquejam e mal o sustentam. Cambaleia na quase escuridão apenas fracamente iluminada pela luz das estrelas e dirige-se ao riacho onde, com gestos trémulos, tenta molhar o rosto. A água fria fá-lo estremecer mas reage um pouco; bebe uns goles. Trôpego, regressa à vereda. Confuso, já não sabe para que lado se deve dirigir...
Tem de regressar à cidade. Agora a urgência move-o nesse sentido. Recomeça a andar, não sabe se na direcção correcta. Na cabeça apenas tem aquele estrondo enorme quando o camião os atirou de encontro à parede ficando o carro deles completamente destruído e a sua mulher e a filha recém-nascida, mortas.
Infelizmente, ele sobreviveu...
Beijinhos,