Mini conto - 67 -

Intervalo

Eu sei que fugi.Arrumei as malas,entrei no carro e desapareci.Até hoje,quando voltei resolvida a explicar minhas razões. Estou aflita e temerosa! Aos poucos,elas vão chegando,me abraçam,me beijam,dizem "você está ótima".Eu retribuo o carinho.A garganta seca,o coração disparado.Sentadas,nos mexemos,desconfortáveis.A psicóloga,que durante quase dez anos,ouviu e administrou nossas dúvidas e nossas esperanças,começa a conversa.Inteligente e receptiva como sempre.Logo logo nós outras,as três amigas, relaxamos e entramos no clima.Eu,ainda assustada,esperando as chicotadas.Merecidas! Que não vierem.Benditos quase três anos de intervalo,entre nossa última sessão e essa!Minhas razões foram compreendidas e aceitas.Meu egoísmo,perdoado.As saudades distribuídas fraternalmente.Casos novos diluem minha tensão.No final,um fósforo foi acesso! Cada uma de nós reflete sobre a chama quente e brilhante, que foi se apagando aos poucos.E a caixa,ainda cheia de novos fósforos,novas possibilidades.Ufa!Que alívio.Dizem que noventa por cento de nossas preocupações não se realizam.Preciso acrescentar que as boas surpresas acontecem sempre,mesmo quando não as esperamos.Uma nova sessão será feita no meu apartamento a 170 quilômetros de distância.Começo,desde já, a pensar no que vou ofercer de lanche,no final da noite.E a preparar meu coração para abraçá-las,como faço todos os dias.

Maria Neusa em setembro de 2010