Foi um sonho?

Enquanto o tempo passava, ela tentava esconder todas as suas insatisfações, e mais ainda os seus anseios. Tinha medo de mudanças. Medo de errar, de se machucar e de chorar. Mas era tão incontrolável. O motivo de sua vontade de jogar tudo pro alto estava sempre tão presente, tão pertinho... Ela até tentava fugir. Sua insegurança sempre junto, seu instinto de proteção ao coração mais vivo do que nunca. Enquanto isso, ela tentava seguir a vida normalmente, querendo amar o mesmo, tentando aprender mais, sorrindo de lado, e chorando escondido. Milhares de perguntas feitas para si mesma continuavam sem respostas. Ela tinha essas respostas, mas tão bem escondidas, que nem ela encontrava. Um dia um sorriso e um toque nos cabelos. Outro dia um olhar sincero e sentimento de proteção. E ela fechava os olhos e tentava imaginar duas formas de viver. A melhor? Ela não conseguia escolher. Ela tinha medo de perceber que o novo era infinitamente mais emocionante. A rotina já se tornara sua melhor amiga; mesmo que muitas vezes ela tivesse vontade de gritar com todas as suas forças que estava cansada do igual, do lógico, dos mesmos gestos e das mesmas formas. Ela vivia metida em suas próprias confusões, essas, muitas vezes, criadas por ela mesma. Foi então, que ela resolveu não pensar. Não sentir medo, não repreender suas vontades. Deixou de lado seus próprios preconceitos. Saiu de olhos fechados, agindo como se fosse outra pessoa, totalmente desconhecida dela mesma e do mundo. Fez o que sequer sabia que era a sua maior vontade. E no dia seguinte, ao acordar, ela nem torcia que fosse um sonho, estava feliz! Foi tão diferente, tão interessante. Ela havia finalmente percebido que o novo pode ser realmente muito melhor. Sorriu o dia todo, esteve com os pés no chão, e os pensamentos mergulhados em lembranças. Sentia a aceleração de seus batimentos cardíacos a cada pequena recordação. E assim, o dia terminou. Demorou para dormir! ...E quando amanheceu, tudo estava de novo tão igual! A mesma cama, os mesmos móveis, cobertas e cheiros. Ela sabia que não havia sonhado. Mas o seu medo roubou violentamente toda a sua vontade de experimentar uma nova realidade, e assim, de cabeça baixa, o tempo continuou a passar, ela tentava esconder todas as suas insatisfações, e mais ainda os seus anseios. Tinha medo de mudanças. Medo de errar, de se machucar e de chorar...