ZOOmaníaco
Mesmo sem possuir formação acadêmica, sabia mais que muitos especialistas no assunto. Tanto conhecimento devia-se à zoomania, que levava Alberto a lotar as prateleiras de sua biblioteca particular com diversos livros sobre animais.
A paixão incondicional fez com que ele viajasse com destino às selvas africanas, levando consigo uma máquina fotográfica.
A intenção de Alberto era, sem dúvida, a melhor: conseguir tirar uma bela foto de algum animal para preencher o vazio de uma das paredes da sala de seu pequeno apartamento.
Logo que inicia seu safári fotográfico, - Claro! Pois, Alberto seria absolutamente incapaz de cometer qualquer tipo de violência contra os animais! - dá de cara com um primeiro modelo fotográfico. Aproximando-se lentamente da girafa, diz baixinho para si mesmo:
– Ah! Nada mais belo do que um grande mamífero ruminante, notável sobretudo pelo comprimento de seu pescoço!
Surpreendentemente, o animal parece ouvir. E, talvez por timidez, afastou-se sem dar tempo de Alberto ao menos preparar a câmera.
Mais adiante, encontra uma tropa de “mamíferos africanos da família dos eqüídeos, caracterizados pela pelagem listrada de preto sobre fundo branco ou camurça, com cima curta em forma de escova”. Isso mesmo que você está pensando: eram zebras!
Alberto fica tão maravilhado e ao mesmo tempo, tão confuso por causa da quantidade de listras que embaralham sua visão, que nem sequer nota a aproximação lenta e minuciosa de um leão. Quando, enfim, se dá conta do perigo, já é tarde demais para uma foto e só tem tempo de dar no pé.
Alberto é insistente, continua em busca da foto perfeita do animal perfeito para ser colocada no porta-retrato perfeito, que seria pendurado de forma perfeita, no prego perfeito, na parede perfeita,... Tudo para que sua sala se transformasse no ambiente perfeito para um amante dos animais relaxar e passar o tempo. Até que, caminhando em meio às árvores com o intuito de não assustar outro animal, por pouco, quase cai dentro de um rio onde um elefante se refresca.
– Sim! Um mamífero de grande porte da ordem dos proboscídeos, da família dos elefântidas! E ainda por cima, bebendo água! Que cena magnífica! Deve ser registrada! - diz.
Rapidamente, o elefante dá um banho em Alberto que, molhado, decepcionado e extremamente cansado, decide voltar para casa.
Em casa, após um relaxante banho, - Desta vez de chuveiro! - ele senta no sofá, olhando desolado a parede vazia. Em seu colo, o companheiro Bolinha, seu gato de estimação. É quando tem uma idéia que julga ser brilhante e pensa:
“Porque, não!?”
Sem hesitar, ajeita Bolinha confortavelmente em uma almofada alaranjada, que contrasta muito bem com a cor acinzentada dos pêlos do gato e tira várias fotos. Corre até o laboratório improvisado no banheiro e revela o filme. Algum tempo depois, coloca uma das fotos cuidadosa e carinhosamente no porta-retrato e encaixa-o num prego já batido na parede.
Admirando a foto com orgulho, segurando o amigo nos braços, diz:
– Certamente, este é o mamífero, carnívoro, da família dos felídeos, digitígrado, de unhas retráteis, mais fofo que eu já vi!