ESTOU DE SAÍDA...
Estou de saída... Não me espere mais, estou de saída!
Saio do meu imaginário de criança, fantasias de menino, dos medos pueris. Estou saíndo dos meus desejos ingênuos, dos meus desacertos, de quem ainda fez quase nada, de quem espera o outro sempre melhorar!
Estou de partida do meu quarto em desordem, e, de todo o desalinho. Da alma com janelas escancaradas, sentindo o uivo solitário do vento deserto. Não me espere mais!
Do amor acariciado e pouco fecundo, dos soluços ao cair da tarde ou ao repousar sobre o leito infindo. Estou partindo de mim mesmo, daquilo que a memória do mais longínquo resgata. Da imagem mais real do sexo, do beijo mais caloroso, da mão mais acolhedora e manhosa que já me tocou. Das palavras discordantes, dos segredos, da incoerência, estou de saída. Deixa-me ir!
Estou de saída, com a sinceridade franca que tremula meu fôlego, declarando minha dor, meus defeitos, minha pequenez. Estou de saída!
E que eu possa alcançar novos caminhos, abrir novas portas, quando você me fechou a sua e disse adeus, levando muitos dos meus sonhos. Mas nunca ninguém conseguiu me roubar a Esperança... A inquebrantável certeza da tranquila Paz. Disso jamais me afastarei, nunca partirei! Haverá um novo recomeço!
Vitoria Moura 19/9/2010